RESGATANDO OS RESGATISTAS
- Randal Fonseca
- 10 de abr.
- 5 min de leitura
Atualizado: 11 de abr.

Texto - Por: Kyle W. Morrison (Ministry of Natural Resources and Forestry)
Os socorristas que ficaram doentes após terem atuado no 11/09/2001, seguem buscando os meios para manter mais seguras as suas atividades de salvar vidas.

Imagem: © Anne Donnarumml
Na descrição das funções laborais dos agentes da segurança privada, além de bombeiros e médicos de emergências e polícias – é inquestionável estar previsto o risco de vida implícito as ações de salvar seus colegas de trabalho e outras pessoas presentes no local.
Quando as Torres Gêmeas em Nova York caíram, centenas de pessoas fugiram dos edifícios do World Trade Center. No entanto, um grupo menor correu em direção aos prédios em chamas para fazer o trabalho de salvar vidas.
Das cerca de 3.000 pessoas que morreram, pelo menos 400 eram socorristas. Nas duas últimas décadas, outras centenas de socorristas morreram em decorrência da intoxicação, e milhares ainda estão doentes como resultado dos males adquiridos durante os esforços de resgate.

"Embora a poeira tenha assentado e as ruínas dos ataques de 11 de setembro tenham sido removidas, os efeitos emocionais daquele episódio ainda são sentidos", disse o senador Charles E. Schumer (D-NY). "Os socorristas que naquele dia chegaram em casa em segurança, ainda hoje sofrem de depressão e outros convivem com problemas de saúde decorrentes da poeira tóxica que aspiraram ao resgatar inúmeras vítimas."
As reinvindicações de Schumer começaram em 24 de junho de 2009, quando introduziu a Lei de Saúde e Compensação de James Zadroga.

O projeto de lei tinha como objetivo garantir cuidados de saúde aos trabalhadores expostos a produtos tóxicos liberados pelo colapso das torres gêmeas. Embora os socorristas já estivessem em tratamento antes da introdução do projeto de lei, havia uma variedade de programas que já estavam ativos, mas não tinham financiamento consistente.
AJUDA AOS DOENTES
Após 2010, depois de ácidas discussões no Congresso, um compromisso foi alcançado e o Projeto Lei passou para as mãos do presidente da república, que assinou a lei.

O projeto de lei elencou várias ações de assistência à saúde aos trabalhadores dentro do Programa de Saúde do World Trade Center, operado pelo NIOSH, e aportou cerca de US$ 1,5 bilhão em financiamento do programa ao longo de cinco anos. O programa teve início no dia 1º de julho e expandiu o espectro incluindo os socorristas que atuaram tanto no Pentágono como no local da queda do voo 93 da United Airlines, perto de Shanksville, PA.
Além de tratar os agentes para as condições físicas deterioradas pela exposição a desastres, o programa atualmente monitoriza e emite relatórios das avaliações para as pessoas que apresentem sintomas consistentes com agravos de saúde provocados por condições insalubres encontradas nos locais de trabalho, em que profissionais atuem em quaisquer respostas a desastres e emergências complexas.

Várias condições tóxicas estão cobertas no projeto de lei, mas paradoxalmente o aparecimento de câncer nessas pessoas não está contemplado. Um relatório do NIOSH examinou dados médicos e pesquisas pontuais e concluiu que não existia associação causal entre os cânceres de socorristas e as exposições aos ataques terroristas das Torres Gêmeas.
O diretor do NIOSH, John Howard, no entanto, ressaltou em um comunicado que a falta de evidências não significa não existir algum vínculo, portanto outro estudo do instituto foi proposto e concluído em 2012.

Cerca de 55.000 socorristas estavam inscritos no programa WTC em 31 de março, de acordo com os dados disponíveis. Destes, cerca de 15.900 haviam recebido tratamento no último ano. Na coletiva de imprensa, os dados estavam atualizados.
O programa incluiu mais de 25.000 resgatistas, mas o Congresso teve que autorizar o aumento do limite aportado, e teve que concordar com o financiamento para o programa.
Howard, que também é coordenador do programa, disse em entrevista à Safety+Health que não sabia quantos novos participantes podem participar ou quais relações haveria entre as doenças. "Um aspecto do programa tem a ver com a capacidade de abordar essa questão, com autoridade e recursos para melhorar a coleta dados e estimular novas pesquisas", disse ele.
LIÇÕES APRENDIDAS
Coletar dados e monitorar a saúde dos socorristas foi e tem sido uma das mais importantes lições aprendidas após o 11 de Setembro, disse Howard. Um dos problemas está relacionado a não existir uma relação dos resgatistas e dos socorristas voluntários que atuaram no local dos ataques. Isso dificultou o monitoramento da saúde dessas pessoas em longo prazo.
DEEP HORIZON OIL PLATAFORM

Os agentes que participaram aplicaram a lição aprendida na limpeza do petróleo derramado da plataforma Deepwater Horizon no Golfo do México em abril de 2010.
Mais de 55.500 trabalhadores assinaram voluntariamente uma lista. Isso estabeleceu um registro de todos os trabalhadores que participaram dos esforços de limpeza e forneceu ao NIOSH um mecanismo para entrar em contato com os trabalhadores sobre possíveis sintomas relacionados ao trabalho, de responsabilidade da empresa British Petroleum (BP).

PROFISSIONAIS INTERESSADOS
As diretorias das empresas interessadas estão examinando mais de perto a melhor forma de proteger os funcionários que atuam na profissão de resposta a emergências. "Os líderes que se debruçam sobre as particularidades desta profissão tendem a focar o paciente", disse Glenn Luedtke, diretor aposentado de serviços médicos de emergência no Condado de Sussex, USA, e atual presidente do Comitê de Segurança da Associação Nacional de Técnicos e Médicos de Emergência. "Nós realmente não projetamos os sistemas colocando em perspectiva a segurança dos agentes; nós não projetamos os equipamentos com foco na segurança deles.
Devido, em parte, ao 11 de setembro 2001 e à crescente conscientização provocada pelas estatísticas relacionadas às mortes e lesões no trabalho, esforços estão sendo direcionados para mudar as atitudes e a cultura para todos ficarem consciente dos riscos, disse Luedtke.
Entre os esforços está a proposta de um novo curso dedicado aos agentes de segurança – esse é o primeiro programa com essa diretriz no país. A associação dos gestores de emergências está investigando problemas ergonômicos com vista a evitar lesões laborais, para aprimorar o design de veículos para manter os paramédicos mais seguros nas ambulâncias ao a entenderem os pacientes.

O DIREITO DOS RESGATISTAS
"Ninguém deve estar em risco de lesão ou doença no trabalho ou no cumprimento do dever", disse Howard. "É essencial ajudar a construir e a apoiar uma cultura de preparação na qual sejam identificados os perigos e analisados os riscos a que ficam expostos os socorristas que trabalham em situações intrinsecamente perigosas. Também, há que se oferecer ferramentas, estratégias, treino e equipamentos para manter esse pessoal em segurança durante as etapas de preparação e não apenas nas respostas."

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