A SEGURANÇA PRIVADA NA GESTÃO DE DESASTRES
- Randal Fonseca
- 19 de jan.
- 8 min de leitura
Atualizado: 23 de jan.
As pesquisas reiteram a importância da Educação Corporativa direcionada ao setor da Segurança Privada, como medida estratégica para a redução de riscos a desastres.

A manipulação do planeta tem contribuído para aumentar os riscos de desastres.
Também, as pesquisas têm revelado que a significativa presença de agentes da Segurança Privada, nos mais diferentes ambientes sociais, com a educação corporativa direcionada às medias de prevenção e mitigação, pode contribuir muito na recuperação de desastres.
As seis estratégias para aumentar o conhecimento com a educação corporativa incluem:
Avaliar as necessidades educacionais
Planejar as abordagens educacionais
Estabelecer o conteúdo educacional
Desenvolver ferramentas educacionais
Envolver organizações no processo educacional
Envolver as famílias no processo educacional
Segurança Privada é um reforço estratégico para as empresas e comunidades.
AS EVIDÊNCIAS
Os governos alegam manter programas para redução de riscos de desastres, mas as evidências demonstram graves lacunas entre o prometido, o esperado, e o obtido.

As evidências apontam também que as ações governamentais devem incluir a coordenação de ações de prevenção e mitigação para desastres, mas isso não é o que se vê.
O que se percebe são as empresas e condomínios contratarem serviços de segurança privada, com foco na vigilância e proteção das lideranças e funcionários.
INFORMAÇÃO & INTELIGÊNCIA NA SEGURANÇA PRIVADA
Informação e inteligência são requisitos indispensáveis para aprimorar as funções da segurança privada, pois não basta manter prontidão para estar à frente dos impactos e, estar apto apenas a empregar a contumaz gestão pragmática de natureza reativa.
A informação e inteligência contribui com a proatividade da gestão programática.

A proatividade resulta do cruzamento de dados para identificar ameaças subjetivas.
Embora seja importante, não basta treinar. É preciso antes de mais planejar as ações de prevenção, que dependem de indicadores sutis de uma miríade de desafios potenciais.
A PREVENÇÃO É IRMÃ GÊMEA DA MITIGAÇÃO

Embora a prevenção e a mitigação tenham naturezas diferentes, ambas nascem gêmeas do acesso a informações estratégicas dos cruzamentos de dados de cada organização social.
É daí que a inteligência opera para propor as ações de preparação que possibilitam um nível de prontidão para controlar o futuro, de mãos dadas com as gemelares.
A gestão de emergências difere da gestão de crises.
Enquanto a gestão de crises trata de propor estratégias para cenários já impactados, a gestão de emergências enxerga o futuro e ensaia as táticas para os impactos projetados.

Emergências são fenômenos que ocorrem sem avisar quando, onde, o tipo e magnitudes.
Os gestores de emergências utilizam os registros de impactos para projetar a prevenção, com a única certeza que desastres ocorrerão a qualquer tempo, em qualquer lugar, e com potencial de variar em todas as magnitudes.
1. Prevenção
A proatividade é uma competência que o agente da segurança privada adquire para antever intercorrências. Embora possa parecer algo místico, é com os processos da Educação Corporativa, que as habilidades de antever são desenvolvidas para identificar perigos, analisar riscos e vulnerabilidades imperceptíveis aos olhos das pessoas comuns.
No entanto, compete as lideranças das empresas de segurança privada convencer os seus contratantes sobre a necessidade de investir nas medidas de prevenção, alertando que nem sempre será possível evitar que emergências ocorram. É imperativo estar preparado.
VAMOS CONFERIR
As medidas de prevenção para organizações de porte médio e pequeno podem envolver:
Um plano de desocupação rápida de estruturas;
Explicações teóricas dos benefícios da prevenção;
Demonstrar com IA simulações para chegar a um local seguro.
As medidas de prevenção para grandes organizações e municípios podem envolver:
Planejar como minimizar uma inundação de causa natural ou antropogênica.
Projetar comportas, represas ou canais para desviar a água de áreas populosas.
Demonstrar com IA como as águas serão dispersadas sem atingir a população.

Os gestores das empresas de segurança privada podem sensibilizar os tomadores de decisões das contratantes empregando argumentos que os convençam a investir em prevenção, usando como justificativa os custos para recuperar dos efeitos de desastres.
O objetivo é educar os agentes a coordenarem esforços para as medidas de mitigação.
ESFORÇOS COORDENADOS
2. Mitigação
A mitigação demanda coordenar os esforços dos agentes da segurança privada com os gestores das contratantes. Esta etapa estratégica emprega as habilidades individuais para identificar e eliminar perigos, ou afastar os riscos dos perigos que não foram eliminados.
A mitigação significa evitar sofrimentos, perdas de patrimônio e danos ao meio ambiente.
Na etapa da mitigação, a segurança privada pode propor mudanças estruturais ou alterações físicas nas edificações, para eliminar ou minimizar os efeitos de um desastre.
As medidas de mitigação em organizações médias e de pequeno porte podem envolver:
Remover ou podar árvores próximas a edificações e estacionamentos.
Melhorar a resistência das portas, janelas e telhados.
Liberar as valas e canalizações para escoar águas pluviais.
Educar profissionais e familiares sobre os riscos de inundação e fogo.
Demonstrar em sessões públicas com apoio de IA, que medidas estruturais de mitigação reduzem os riscos de impactos atingirem edificações e logradouros públicos.
As medidas não-estruturais, podem ser a revisão e a obediência aos códigos de obras.
As medidas de mitigação em indústrias e outras plantas de grande porte podem envolver:
Agentes das empresas de segurança privada cooperando no processo de conscientização dos riscos e meios de controle de emergências que podem atingir, seus lares, a comunidade e até mesmo a região.
Recursos especializados para os agentes da segurança privada praticarem a mitigação, como parte acessória aos contratos firmados de prestação de serviços.
Recursos essenciais e informações estratégicas para a empresa de segurança privada assegurar a continuidade de negócios do contratante durante e após um desastre.
SOBRE A CONTINUIDADE DE NEGÓCIOS
Todas as organizações, incluindo no setor de saúde, devem lidar com situações em que ocorrem interrupções significativas em suas operações. Uma unidade ou sistema de saúde tem pouco valor para a comunidade se tiver suas atividades interrompidas após um choque. Manter a continuidade dos negócios é mandatório, e por isso, as organizações devem antecipar e adaptar os métodos para evitar falhas abruptas ou progressivas. As empresas de Segurança Privada têm que participar do processo de antecipação garantindo uma gestão eficaz dos riscos da organização para a qual prestem serviços. Esse é sem dúvida um compromisso complexo, ao se considerar as peculiaridades operacionais dos seus contratantes que podem incluir riscos de eventos disruptivos. Analisar esses riscos é uma atividade implícita à continuidade dos negócios, pois alguns eventos potencialmente disruptivos podem exceder, por algum tempo, a capacidade de manter as rotinas em uma organização.
É importante se preparar, desenvolvendo planos.

A segurança privada deve participar da preparação e cooperar nas respostas a impactos.
3. Preparação
A preparação sob o ponto de vista da segurança privada, atuando junto aos contratantes, precisa ser um processo contínuo, no qual os agentes podem treinar o que farão diante das ações de controle de emergências e como poderão contribuir na etapa da recuperação.
A preparação é definida por:
a) Treinamento contínuo
b) Avaliação de riscos
c) Ações corretivas a tempo
d) Alto nível de prontidão
e) Simulações de desocupação de áreas
f) Controle de fogo
g) Combate a incêndio
h) Interromper atirador ativo.
PLANO DOMÉSTICO PARA DESASTRES

Os agentes da segurança privada, ao adquirirem competências de preparação podem também tornar mais seguras as suas residências e comunidade com um plano doméstico.

Embora a preparação para emergências e desastres esteja sendo aprendida, ainda é negligenciada pela imensa maioria das pessoas, principalmente pelas autoridades.
Um plano doméstico para desastres deve considerar as necessidades e deficiências de seus entes queridos, amigos ou vizinhos, pois se sabe que as residências são menos preparadas para resistir e controlar emergências do que os locais de trabalho.
Os profissionais do setor de segurança privada trabalham diuturnamente objetivando aperfeiçoar as defesas e os meios de prevenção e preparação de seus contratantes. No entanto, a imensa maioria desses agentes falha em implementar esses mesmos elementos no seu cotidiano, ficando mais vulneráveis nas residências, no trânsito, e locais comunitários.
Os planos domésticos podem ser desenvolvidos com instruções do E-Book JGE.
4. Resposta
A resposta é a etapa que vem logo após a constatação de que uma emergência ocorreu. Para efeitos de planejamento estratégico, a “resposta” é dividida em curto e longo prazo.

Durante a resposta, quaisquer perigos potenciais são removidos da área; por exemplo, durante incêndio florestal as chamas de pequenos focos precisam ser extinguidas, pelo potencial de expandir. Da mesma forma quaisquer resíduos devem ser retirados.
5. Recuperação
A etapa da recuperação é a mais dispendiosa tanto em recursos como em tempo para retomar as atividades civis organizadas. Todo o ciclo da gestão de emergências é planejado com vista a reduzir o tempo-resposta e os investimentos na recuperação dos desastres.

Um exemplo de tempo para recuperação pode ser tomado da barragem de mineração que rompeu em 2015, na região central de Minas Gerais, e ainda segue em processo lento.

A depender das circunstâncias, a recuperação de danos poderá demandar muito tempo, às vezes levando anos ou décadas e, às vezes danos emocionais permanecem para sempre.
BURNOUT
Os agentes da Segurança Privada ficam suscetíveis ao Burnout. Por isso as empresas do setor precisam acompanhar a saúde mental dos agentes expostos a eventos críticos.
Os coordenadores de equipes podem monitorizar a conduta dos funcionários e formular algumas perguntas, como: “você sente como se nada tem importância?
Um sim como resposta poderá indicar o Desgaste Funcional.
A perda de empatia sinaliza embrutecimento e isso é um mal que corrói a pessoa e compromete o bom desempenho. Se a condição emocional não for identificada, poderá agravar e conduzir para depressões profundas, incluindo a adesão a vícios.
Idealmente, os empregadores podem instituir um programa de controle do Burnout que avalia o pessoal de tempo em tempo, e após eventos críticos. A solução para o desgaste funcional, em geral, se dá com o incentivo para a pessoa se envolver com algo novo.
Sessões de terapia em grupo podem ajudar os participantes a superarem a depressão ao falar sobre temas de interesse comum, e como pensam em mudar ou controlar a conduta.

Trabalhar na segurança privada pode incluir atividades noturnas, longas horas em estado de prontidão e nível elevado de atenção solitária, incluindo atuar em cenários complicados que exigem níveis exaustivos de dedicação e seriedade.
A forma de descontrair e prevenir o Desgaste Funcional é manter o bom humor, projetando perspectivas saudáveis e se relacionando com pessoas que não trabalhem no mesmo setor.
Evitar o Desgaste Funcional é importante para a saúde mental e bem-estar físico do agente.
A CRÍTICA TEMPORAL
Os danos que se eternizam não têm a ver apenas com os mortos, mas com quem sobrevive, e que não consegue superar a depressão pelo sentimento de culpa que acompanha ao longo do tempo. Esses danos acometem pessoas da população servida pelos agentes da segurança privada, como também os próprios agentes, e principalmente aqueles que seguem desempenhando a mesma função no mesmo local.
Os membros das equipes na Segurança Privada formam vínculos entre si e com as pessoas a quem servem. Esses vínculos desconhecem limites temporais, e os efeitos colaterais podem ser devastadores diante da pergunta: por que meu colega morreu e não eu? É importante dar espaço para as emoções e reconhecer que o processo de luto é singular.

Embora possamos deixar um local para traz, é muito difícil apagar um momento.
REITERAÇÃO
O curso de Educação Pública para Desastres alerta não apenas sobre como proteger os bens e propriedades, mas também sobre como fortalecer a atitude mental das pessoas para superar as perdas por desastres. Assim, considerando a abrangência dos efeitos deletérios, se torna imprescindível ter certeza de não ter se furtado da oportunidade de unir esforços e fazer tudo para se prevenir de tudo, incluindo dos males provocados pelos ressentimentos.
Também, é oportuno, a tempo, participar do curso de Educação para Recuperação de Desastres, oferecido com ou sem desastre, enquanto sob uma severa crítica temporal, o curso Educação para Controle de Emergências é oferecido apenas quando há um desastre.
Como elucidado, a proatividade da gestão programática atua no tempo presente para solucionar eventos futuros, enquanto a reatividade da gestão pragmática aplica as soluções apenas quando o evento já ocorreu. A gestão reativa despreza a mitigação de risco a desastres.
Pela recalcitrante falha na etapa da mitigação, as vulnerabilidades estão a aumentar.
Uma solução que se apresenta é a de estimular a qualificação dos agentes da Segurança Privada no desenvolvimento das práticas que aumentam as percepções para prever impactos. Sob essa ótica, a habilidade contribui com o desenvolvimento sustentável.
Na contramão, estará o risco a cobrar perdas potenciais de ativos e até de vidas.

A reiteração temporal se dá com a percepção tardia, quando diante de impactos não se tenha tempo para reagir e, menos ainda, tempo para projetar o tempo para recuperar.
Portanto, o termo desastre descreve de forma sucinta o custo que se paga pelas falhas no planejamento estratégico, que obriga certos grupos sociais ficarem vulneráveis a perigos.
Com o encadeamento entre vulnerabilidade, risco e desastre, temos que o programa de educação para emergências é apenas realizado nos contextos de desastres e pós-desastre, portanto, o tempo da preparação já não é mais viável. Vários locais-alvo da educação para desastres foram selecionados porque havia vulnerabilidades antes dos desastres.

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