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TEORIAS, TÉCNICAS E MÉTODOS DA EDUCAÇÃO PARA DESASTRES

  • Foto do escritor: Randal Fonseca
    Randal Fonseca
  • 11 de set. de 2024
  • 15 min de leitura

Esta publicação JGE promove um entrelaçamento de pontos de vista e proposições com Neil Dufty’s “A new approach to disaster education” como política pública essencial.

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Neil Dufty is an environment, coastal and natural hazards expert at Water Technology Ltd, qualified in earth science and education, with over 45 years of experience in environmental and coastal management, and 20 years of in disaster management, for school and community education.


Segundo Dufty, o conceito da educação para desastres tem a ver com preparar as pessoas para sobreviver a impactos de diferentes causas, por meio do conhecimento que possibilita avaliar as circunstâncias e saber o que pode ser feito antes, durante e após um impacto”.


ENQUADRAMENTO

A Preparação Doméstica para Desastres constitui a base essencial para sobreviver ao se considerar que as agências governamentais de resposta não têm capacidade operacional para ajudar todas as pessoas em todos os locais e em todas as proporções.

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As agências governamentais não conseguem proteger todas as pessoas o tempo todo. 


INSENSIBILIDADE, INCOMPETÊNCIA OU AMBAS

Embora desde seu lançamento em 2023, o JGE reitere a importância de as lideranças empresariais e governamentais dedicarem atenção a preparação para desastres, é possível constatar a surpreendentemente inação e descaso por parte dos políticos e acadêmicos, pois permanecem silentes e nada contribuem para implementar a Gestão de Emergências.

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Em qual sentido reside a crônica leniência dos políticos e o inebriado desinteresse dos acadêmicos sobre a importância de preparar a população para lidar com desastres?


Embora os conteúdos, métodos e o rigor estejam a cumprir o rito acadêmico, o objeto da disciplina Gestão de Emergências tem sido interpretado pelos docentes como uma curiosidade, ou apenas novidade literária.


Em nada surpreende que os políticos não conheçam a Ciência das Emergências como um ramo da Sociologia, mas preocupa o fato de os acadêmicos não se aplicarem nas pesquisas.


A Educação Pública para Desastres contém princípios alternativos que incluem a aprendizagem cognitiva e social com atividades experimentais. É lícito afirmar que a “educação tradicional" não alcança a amplitude socioambiental dos efeitos de desastres. Por essa razão o ensino de adultos é preferível àquelas portarias ministeriais e reedições dos textos de leis voltados apenas responsabilizar os empreendimentos, como se deles viessem os males dos desastres.


ANDROLOGIA – EDUCAÇÃO DE ADULTOS

Seguindo os aconselhamentos de Dufty, o JGE tem enfatizado que os programas andrológicos estão muito mais direcionados à preparação pública para desastres do que a educação formal.


Essa conclusão está fundamentada nos processos de conscientização sobre os impactos de longa duração que penalizam principalmente as famílias. Então, a abordagem educacional andrológica, sugerida por Dufty, contém a marca registrada de uma estrutura eficaz para soluções de problemas com foco na Educação Pública para Desastres.


Dufty divide essa estrutura em três níveis:


1º nível. Princípios da educação andrológica eficaz sobre os potenciais desastres de causas antropogênicas, dependem exclusivamente do fornecimento de informações abrangentes e modelos eficazes para produzir os planos de preparação que inclui o manejo de populações.


2º nível. Promoção de palestras com conteúdo e métodos direcionados a educação para desastres devem abranger o ciclo completo da Gestão de Emergências, em que a mitigação e preparação são as etapas iniciais que têm a melhor prevalência de mudar mentalidades.


As etapas da resposta e recuperação exibem registros de desastres evitáveis.


Os métodos da Gestão de Emergências podem incluir:

  • Comunicação por meio dos empreendimentos privados

  • Informação pública ostensiva por parte das agências

  • Formação e treinos específicos em âmbito comunitário e empresarial

  • Planos para engajamento comunitário promovidos pelas agências

  • Cursos de educação para desastres, presenciais e online


3º nível. Os filtros para identificar conteúdos educacionais que atendam aos princípios orientados especificamente para desastres, são direcionados a sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de identificar perigos, analisar os riscos e determinar as vulnerabilidades.

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A Gestão de Emergências coloca os históricos dos desastres em perspectiva para se projetar os tipos de perigos com potencial de voltarem a impactar a localidade.


A composição dos grupos de alunos adultos resulta, portanto, de identificar as habilidades inatas e predisposição de essas pessoas assumirem atribuições no tratamento das vulnerabilidades e controle de riscos específicos. Também, dentre os alunos selecionados podem estar líderes, como professores universitários e proprietários de empresas com disposição para se envolverem com os processos andrológicos.


Usando essa abordagem dedutiva, o conteúdo e os métodos mais apropriados são moldados em uma sequência de atividades de aprendizagem direcionadas a educação para desastres em qualquer localidade vulnerável a riscos similares ao redor do mundo.


PREPARAÇÃO DOMÉSTICA

Esse é um componente específico da educação pública para desastres. Há que reiterar ser o âmbito doméstico um fator que exige dedicação integral em face da dinâmica de mudanças.


Ao preparar as famílias para desastres, a localidade estará a reduzir o potencial de danos.


Neste aspecto, as agências governamentais entram como reforço à educação cooperando com a oferta variada de programas educacionais para adultos: relações públicas, comunicações de alerta (incluindo escolas), treino de voluntários e campanhas para o engajamento comunitário.


Essas ações podem ser realizadas por diferentes seções ou divisões das agências, com a tendência de dividirem as ações educacionais, cada uma com métodos próprios voltados à Educação, Comunicação e Engajamento (Dufty,2013).

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O ponto comum entre a Educação, Comunicação, Engajamento (ECE) é contribuir para o aprendizado das famílias e organizações, com vista a resistir e recuperar de desastres.


Embora ECE seja adotada, o vocábulo holístico “educação para desastre”’ é empregado pelo JGE nas discussões estratégicas, pois tem a ver com a “preparação para desastres”.


Essa designação semântica é apoiada pelas origens latinas da palavra “educação”: educare, com sentido de “treinar”, e educere, “conduzir para fora”.


Essas explicações contribuem para a compreensão da educação como Redenção Social.

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O ECE traz implícito as ações, antes, durante e depois de um desastre.


É importante reiterar que nos países cujas administrações públicas se conscientizaram dos custos socioambientais dos desastres, desenvolveu-se um conjunto de ações voltadas à educação comunitária para lidar com desastres nas fases antes, durante e depois.


Esse fenômeno se deu devido ao advento das mídias sociais. No entanto, no Brasil não há nada neste sentido além do JGE. Os movimentos do Ministério da Defesa são ineficazes no que diz respeito a adequar um programa voltado especificamente a preparação doméstica para desastres. Mas há que se iniciar: a exemplo da instrução que Alice recebeu da Majestade (ver: JGE: 17 de agosto: ESTRATÉGIAS PARA EVENTOS INDESEJÁVEIS


Podemos asseverar que esse descompasso se deve em grande parte à falta visão das autoridades em avaliar os benefícios desses programas (Elsworth et al, 2009) e à dificuldade em direcionar a Educação como um fator causal em aspectos do desempenho da desconhecida e/ou mal interpretada disciplina Gestão de Emergências.

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A ausência de pesquisas acadêmicas se deve ao fato de a ECE não ser um tema do Ministério da Defesa e tampouco do Ministério da Educação e Cultura, a ser incentivado.


Há que sensibilizar pesquisadores e educadores especialistas em teorias e práticas socioambientais, como assevera Preston (2012, p.1) “surpreendentemente há pouca literatura especializada no campo da educação/andrologia para desastres que atingem as mais diferentes comunidades.”


Isso se deve em grande parte ao fato de a preparação para desastres ser uma área que ainda não entrou no radar das investigações acadêmicas (Preston 2012, p.1) e porque os poucos programas de educação com este objeto são desenhados por não acadêmicos.

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A preparação para responder e recuperar de desastres, em geral, é delegada aos técnicos e engenheiros de segurança e ao pessoal da medicina laboral nas empresas privadas.


O JGE incentiva a pesquisa acadêmica voltada ao desenvolvimento de programas educacionais exclusivamente direcionados a efetividade de preparação para desastres.


O JGE em suas múltiplas publicações ressalta que não há orientação técnica atualizada para as organizações de iniciativa privada desenvolverem planos para emergências, e que as prefeituras falham em desenvolver os planos de operações em emergências, negligenciando em paralelo os planos diretores (para uso da terra) – se a calhar, tiver um.


TEORIAS, TÉCNICAS E MÉTODOS

O objetivo das publicações e aulas online JGE é fornecer elementos para as lideranças desenvolverem planos de emergências e programas de educação para desastres, com bases em técnicas e métodos que em outros países apresentaram níveis de sucesso no ensino-aprendizado de adultos.


Embora parte da aprendizagem quando relacionada a desastres seja orientada a crianças e jovens nos ambientes de educação formal, como escolas e universidades, são os adultos que nas posições de comando decidem sobre os conteúdos dos programas e, que em geral, são essencialmente fundamentados em opiniões pessoais ou em colegiados algures.


Portanto, para a efetiva produção de conhecimento há que iniciar os processos por meio de pesquisas acadêmicas direcionadas à sociologia dos desastres, com foco na disciplina Gestão de Emergências e com design de ensino direcionado a andrologia.

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Malcolm Shepherd Knowles é reconhecido como um líder em pesquisa andrológica. Knowles (1984) identificou diferenças entre a aprendizagem de adultos e a aprendizagem infantil, incluindo que, à medida em que a pessoa amadurece a motivação para aprender não vem de fontes externas, como professores.


Knowles sugeriu quatro princípios a serem aplicados ao incentivo da aprendizagem de adultos, e que são especialmente pertinentes à educação para desastres:

  1. Adultos precisam estar envolvidos no planejamento e avaliação de sua instrução.

  2. A experiência (incluindo erros) fornece a base para as atividades de aprendizagem.

  3. Adultos têm maior interesse ​​em aprender assuntos que tenham relevância e impacto imediatos em seu trabalho ou vida pessoal.

  4. A aprendizagem de adultos é centrada em problemas e não orientada para o conteúdo.


A educação comunitária não deve estar adaptada apenas ao aluno individual, mas também deve permitir o aprendizado a partir das interações sociais dentro das comunidades.

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A teoria da aprendizagem social promove a importância de as pessoas aprenderem juntas.


É a teoria de aprendizagem e comportamento social propõe que novas formas de relacionamento podem ser desenvolvidas observando e imitando os outros (Bandura, 2007).


Em termos simples, a aprendizagem social é se dá com os outros, a partir de grupos. Isso pode acontecer online (ferramentas de mídia social como LinkedIn), ou offline, durante discussões, tomando café, praticando esportes ou durante conferências.


A aprendizagem social, às vezes é misturada com "aprendizagem colaborativa" - onde as pessoas capitalizam os recursos e habilidades umas das outras (Dillenbourg, 1999).

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A aprendizagem andrológica e social precisa estar adaptada ao indivíduo e a comunidade.


Essa ideia é apoiada por avaliações de programas de educação em desastres. Por exemplo, em uma avaliação de programas australianos de educação, conscientização e engajamento sobre riscos naturais, Elsworth et al (2009) concluíram que os programas deveriam ser mais adaptados localmente, em vez de serem campanhas de informação de base ampla.


FIGURA 1

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ENSINO-APRENDIZAGEM

Essa estrutura de ensino-aprendizagem consiste basicamente em três etapas.

  1. Princípios amplos de educação eficaz para desastres;

  2. Seleção de conteúdo e métodos no design do plano de educação de adultos;

  3. Filtros para conteúdos guiados pelos princípios da educação para desastres.


Os pesquisadores acadêmicos na Austrália, descobriram que os programas de educação para desastres dependiam de se ter acesso a informações abrangentes e modelos de planos de preparação. No entanto, ficou evidenciado que a abordagem do ensino "tradicional" não produz o impacto necessário para incentivar comportamentos de preparação (Dufty, 2015).


Também, os pesquisadores perceberam que os princípios baseados em evidências da psicologia e sociologia de desastres, associados a andrologia, demonstraram ser preferíveis (Dufty, 2010).


Esses princípios educacionais alternativos incluem:

  1. A participação dos alunos adultos no design da implementação e da avaliação dos resultados de programas comunitários orientados a educação para desastres;

  2. A participação da comunidade no aprendizado para preparação doméstica com sistemas de resistência e de resiliência embasados na formação de capital social;

  3. O enlaces das atividades educacionais consistentes com "histórico de desastres" e com as etapas da Gestão de Emergências: mitigação, preparação, resposta e recuperação;

  4. A avaliação sistemática da aprendizagem na educação de adultos para desastres;

  5. A Inclusão de outros programas e planos de respostas da Gestão de Emergências;

  6. A promoção de meios para garantir a continuidade da educação para desastres.


Em aditamento, os pesquisadores constataram que muitos programas de ensino adotam apenas a aprendizagem cognitiva (Dufty, 2013), embora os domínios do aprendizado sejam quatro:

  1. Afetivo – a sensibilização é essencial para a predisposição a aprendizagem

  2. Cognitivo - o processo mental/neurológico que operam na aprendizagem

  3. Psicomotor - foco no comportamento observável

  4. Social - os humanos aprendem melhor com atividades em grupo.


CONTEÚDOS E MÉTODOS

Conforme mostrado na Figura 1, as opções de conteúdo e métodos de aprendizagem derivados do suporte acadêmico devem adaptar o plano ou programa de educação.

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A variedade de conteúdo abrange todas as quatro etapas da gestão de emergências.


Assim, qualquer nível de educação para desastres oferecida pelas agências de resposta precisará associar a segurança pública e reduzir riscos à propriedade. Também, o ensino deverá incluir como recuperar os serviços públicos nas fases durante e após-desastre.


Além disso, para ajudar o aprendizado, também devem ser promovidas reuniões, fóruns, webinars e seminários envolvendo as lideranças governamentais e empresariais.


Para os riscos relacionados ao clima (por exemplo, inundação, onda de calor, seca, incêndio florestal), o aprendizado para a adaptação às mudanças climáticas deve ser adicionado.

 

A ADAPTAÇÃO CLIMÁTICA

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Stevens et al (2012), fornece um exemplo de adaptação a mudanças climáticas, como parte do aprendizado de segurança pública e mitigação de riscos locais.


MODELOS CLIMÁTICOS 

Durante um estágio de desenvolvimento de processos, os modelos climáticos globais precisam ter suas propriedades ajustadas ou sintonizadas de várias maneiras para melhor corresponder à condição climática do planeta. Essas propriedades desejadas são observáveis, como o balanço de radiação no topo da atmosfera, a temperatura média global, o gelo marinho, nuvens e campos de vento.


O ajuste é realizado por meio de parâmetros incertos, ou mesmo não observáveis, relacionados a processos não explicitamente representados na grade do modelo.


O ajuste do modelo climático tem chamado atenção porque as principais propriedades, como a sensibilidade climática, demonstraram depender de parâmetros que, na prática, são adotados fechando o balanço de radiação e ajustando a temperatura média global ao

Modelo do Sistema Terrestre do Instituto Max Planck.

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Sabemos sobre a ambiguidade na escolha dos parâmetros e então, foram separadas três configurações e comparadas alternativamente, constatando que os impactos do ajuste de parâmetros na sensibilidade climática são menores do que o previsto.


MÉTODOS E PROCESSOS EDUCACIONAIS

O conjunto foi identificado por vários autores, por exemplo, Molino Stewart (2012) que categorizou os métodos atuais de aprendizado sobre desastres em quatro grupos principais:

  1. Comunicação pública, produtos e serviços de informação, por exemplo, sites da internet, feiras e congressos, imprensa, publicidade e mídia social.

  2. Treinos e desenvolvimento e programas específicos da indústria, cursos de liderança, mentoria, e exercícios simulados de emergência.

  3. Programas de engajamento e de participação pública, fóruns, grupos de discussão, eventos, redes em desenvolvimento, mídia social.

  4. Programas abrangentes de educação pessoal, como currículo escolar básico e universitário, programas de desenvolvimento pessoal, cursos de educação comunitária presenciais abertos e on-line massivos e pesquisas de interação.

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Além dos resultados das avaliações desses quatro grupos principais de educação para desastres e de pesquisas de campo, as investigações demonstraram o potencial dos métodos alternativos relacionados a teorias de ensino-aprendizagem de adultos (Dufty, 2013).

Esses métodos alternativos incluem:


  1. Forte interesse e participação dos alunos adultos no design, implementação e avaliação de programas comunitários;

  2. Foco da comunidade na preparação, qualificação e formação do capital social;

  3. Implementação de atividades voltadas às quatro etapas da Gestão de Emergências: Mitigação, Preparação, Resposta, Recuperação;

  4. Avaliação dos programas de ensino-aprendizagem de adultos comparando com outros métodos de mitigação e implementação de planos de respostas;

  5. Métodos de educação continuada voltada a resiliência a desastres.

  6. Para garantir o sucesso dos métodos alternativos foram identificados filtros para adaptar o conteúdo e os métodos de educação para desastres nas comunidades.


Os filtros são:

  1. Perfil da comunidade

  2. Identificação de perigos

  3. Análises continuada de riscos

  4. Gestão de emergência

  5. Público-alvo


Um estudo voltado a análise de riscos deve ser realizado como um estágio inicial da filtragem, para colocar o plano de educação para desastres no contexto da comunidade.

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É lícito ressaltar que a designação "comunidade" pode não ser uma entidade geográfica, como uma localidade, uma cidade, um subúrbio ou vila. Também, pode resultar do sentido de pertencimento, como grupo religioso, escolas, ou rede social esportiva ou online.


Para entender melhor o sentido de comunidade podemos recorrer:

  1. Perfil da comunidade usando um censo ou outros dados demográficos.

    Aspectos como distribuição de gênero, grupos etários, histórico educacional, transitoriedade da população, pessoas com necessidades especiais, podem ajudar a determinar o conteúdo educacional apropriado para desastres, como tipo e nível de linguagem, métodos de ensino, mídia social que em geral atinge a população mais jovem, jornais e rádio para os mais velhos.

  2. Pesquisa social. Por exemplo, alguns governos e outras organizações conduzem pesquisas comunitárias e estas podem fornecer uma visão útil para o design de planos e programas locais de educação para desastres. Além disso, há que se projetar e conduzir pesquisas sociais para verificar as necessidades de educação para desastres nas localidades.

  3. Análise de rede social. É importante entender as inter-relações das pessoas que participam da educação para desastres. Uma abordagem de alto nível voltada a análise de rede social é realizar workshops presenciais e online com representantes da comunidade e mapear os grupos sociais locais e suas ligações.

  4. Avaliação de vulnerabilidade. Vulnerabilidade pode ser definido como a propensão de sofrer algum grau de perda por impacto de eventos perigosos (Etkin et al, 2004).


Determinar os níveis de vulnerabilidade pode fornecer detalhes relacionados a riscos com potencial de exigir um nível específico de educação para desastres, como para os idosos, crianças, gestantes, pessoas deficientes ou que não falam o idioma, por exemplo.

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Como parte do processo de filtragem, é importante entender os riscos enfrentados pela comunidade para servirem de exemplos nos programas de educação para desastres.


Essa filtragem pode ser feita por meio de modelagem de risco; no entanto, é vital incluir a comunidade na avaliação local de risco, para reunir conhecimento local como parte do processo educativo.


Existem exemplos de técnicas para a participação das pessoas na avaliação de riscos.


Para isso, os grupos sociais precisam ser envolvidos no diálogo e na tomada de decisões sobre riscos presentes e futuros, incluindo os impactos das mudanças climáticas. Reiteradamente, um programa educacional para adultos, por exemplo, pode ser o impacto provocado pelo aumento no nível do mar nas áreas costeiras (Stevens et al, 2012).


Conforme observado, as medidas locais para redução de risco de desastres devem ser examinadas sob a lupa dos critérios andrológicos antes de serem incluídas no conteúdo educacional de adultos. Essa precaução é importante para dar credibilidade sobre o significado prático das medidas de mitigação. O público-alvo deve reconhecer que a educação para desastres pode ser um conjunto de opções locais que vai além do conceito acadêmico, per se.


O JGE reitera que a participação de indivíduos e famílias na redução de risco de desastres deve ser incentivada, inclusive pelo potencial educacional que se dissemina na localidade.

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Os índices que comparam a redução de riscos revelam não ser possível proteger a todos de todas as ameaças, pois há sempre um "risco residual" que é transferido para as pessoas.


Por isso, as agências de resposta a emergência precisam compartilhar com indivíduos e famílias a responsabilidade de gerir o risco residual, por meio da preparação doméstica par desastres.


Será necessário obter informações consistentes sobre os índices de participação dos moradores (por exemplo, Webber et al, 2017) de forma a contribuir no design de sistemas de avisos, alertas e notificações precoces (por exemplo, Dufty, 2018).


A partir do conhecimento de tipos de perigos e riscos aos quais a comunidade fica exposta, será então necessário identificar, especificamente, quais serão os grupos de alunos adultos.


Esses grupos de alunos adultos podem incluir:

  • Residentes (incluindo proprietários e inquilinos)

  • Escolas técnicas e superiores (e outras instituições de educação)

  • Jovens (grupos locais, excursionistas, escoteiros)

  • Empresas (governamentais e da iniciativa privada)

  • Organizações não-governamentais (que arregimentam voluntários)

  • Ocupantes ocasionais (como campings e fazendas de repouso)

  • Grupos religiosos

  • Turistas (de várias procedências e tempos de permanência)

  • Pessoas com necessidades especiais

  • Residentes em "pontos críticos" (áreas de alto risco)


Tanto o conteúdo educacional quanto os métodos de ensino serão diferentes para cada grupo de aprendizagem. Por exemplo, nas escolas a preferência deve ser incorporar os temas sobre desastres como parte das disciplinas transversais do currículo formal (Dufty, 2014b).


Nas organizações com fins lucrativos, a preferência será vincular a educação para desastres ao Plano de Continuidade de Negócios (Gissing, 2003).

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A diferença básica entre um plano educacional e um programa de atividades é que um detalha o conteúdo de vários cursos, enquanto o outro descreve múltiplas participações projetadas para produzir resultados nas tarefas pré-definidas.


Na maioria dos casos, um plano de preparação para desastres consiste em reunir vários programas com diferentes atividades lúdicas identificadas ao longo do "ciclo de desastres".

É de suma importância incluir processos de avaliação para aferir se os objetivos estão sendo alcançados no curto prazo e, para avaliar os impactos de longo prazo na segurança pública. O propósito é sempre o de minimizar sofrimento e danos à propriedade.


CONCLUSÃO

Os planos de educação para desastres precisam entrar como subconjunto da Gestão de Emergências da localidade para oferecer dados consistentes, uma vez que ao redor do mundo, muitos programas de educação para desastres dependem exclusivamente de informações genéricas e planos de preparação teóricos, com foco apenas na aprendizagem cognitiva.


Esta publicação JGE, entrelaçada com as teorias e práticas trazidas por Dufty, tem objetivo de alertar para a importância de associar conteúdo educacional e métodos de preparação para os históricos de desastres, empregando a andrologia nos domínios da aprendizagem.

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Os filtros dão a compreensão dos desafios e possibilitam selecionar os métodos associando aos domínios da aprendizagem, consistentes com o "histórico de desastres" da localidade.


Essa estrutura de educação para desastres foi testada em várias comunidades na Austrália com resultados positivos (por exemplo, Molino Stewart, 2012).


O JGE alerta que muito mais pesquisas em Gestão de Emergências são necessárias.


REFERÊNCIAS

Aldrich, D.P. (2012) Building resilience: social capital in post-disaster recovery. Chicago: University of Chicago Press.

Bandura, A. (2007) A History of Psychology in Autobiography (9th ed.). Washington: American Psychological Association.

Dillenbourg, P. (1999) Collaborative Learning: Cognitive and Computational Approaches. Advances in Learning and Instruction Series. New York, NY: Elsevier Science, Inc.

Dufty, N. (2010) A new approach to community flood education. Paper presented to the 2010

Victorian Flood Conference, Bendigo, Victoria, Australia.

Dufty, N. (2012) Learning for disaster resilience. Proceedings of the Australian & New Zealand Disaster and Emergency Management Conference held in Brisbane, Queensland, Australia, April 2012, pp.150-164.

Dufty, N. (2013) Towards a Learning for Disaster Resilience Approach: exploring content and process. Molino Stewart occasional papers.

Dufty, N. (2014a). What is disaster resilience education? Paper Presented at the Australian and New Zealand Disaster and Emergency Management Conference, Surfers Paradise, Gold Coast, 5-7 May 2014.

Dufty, N. (2014b) Opportunities for disaster resilience learning in the Australian curriculum. Australian Journal of Emergency Management, Vol. 29, No. 1, pp. 12-16.

Dufty, N. (2015) Why getting people to write an emergency plan may not be the best approach. Paper presented to the 2015 Floodplain Management Australia National Conference.

Dufty, N. (2018) Putting the community into Total Flood Warning Systems. Paper presented at the 2018 Floodplain Management Australia National Conference, Gold Coast, Australia.

Elsworth, G., Gilbert, J., Robinson, P., Rowe, C., and Stevens, K. (2009) National Review of Community Education, Awareness and Engagement Programs for Natural Hazards, report by RMIT University commissioned by the National Community Safety Working Group of the Australian Emergency Management Committee.

Etkin, D., Haque, E., Bellisario, L, & Burton, I. (2004) An assessment of natural hazards and disasters in Canada. The Canadian Natural Hazards Project, Public Safety and Emergency Preparedness Canada and Environment Canada, Ottawa.

Gissing, A. (2003) Flood action plans - making loss reduction more effective in the commercial sector. Australian Journal of Emergency Management, Vol. 18, No. 3, pp. 46-54.

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