TIROTEIOS NAS ESCOLAS
- Randal Fonseca
- 18 de ago. de 2024
- 5 min de leitura
O perfil desses ataques é variável, e a solução para a variabilidade é implementar estratégias de prevenção e táticas de reação para neutralizar a ação predatória.
Ataques a centros educacionais, como em SAUDADE, SC, não é exclusividade dos EUA.
Este “fenômeno” tem precedentes em Limeira: 2001, Rio de Janeiro: 2011, Goiana: 2017, e Paraná: 2018, demonstrando ser preciso estar preparado para se defender as escolas.
O perfil desses ataques é variável, e a solução para essa variabilidade é implementar estratégias de prevenção e táticas de reação para neutralizar a ação predatória.
Qual a razão de um aluno trazer uma arma de fogo, arma branca ou porrete para escola e, sem motivo óbvio, abrir fogo, esfaquear ou golpear outros alunos e professores?
Em Santa Catarina, as vítimas foram bebês, adultos e o próprio jovem agressor. Foram três condições bem diferentes que, portanto, dependeriam de três diferentes formas de reação.
O programa JGE para planejamento estratégico (sem armas) nas escolas, faz a diferença.
ORIGENS DA VIOLÊNCIA HUMANA
Pensadores, historiadores e cientistas exploraram a questão da violência humana por séculos, mas as respostas permanecem indefinidas. As raízes de um ato violento são múltiplas, intrincadas e entrelaçadas. A combinação de fatores varia de acordo com o indivíduo e circunstâncias.
Tentar avaliar uma ameaça e evitar que seja executada é desafiador.
Compreender a violência depois que ela ocorreu é ainda mais difícil e desesperador.
Justificativa de explosão de raiva é confrontada com os dados, em que os agressores raramente ou nunca tiveram problema e tinham uma vida social saudável e estável.
Então, o que pode estar no cerne das agressões?
O agressor quis chamar atenção?
O agressor teve um momento de raiva?
O agressor tinha ódio/inveja da vítima?
Os agressores são loucos?
A agressão foi por vingança?
ESTUDOS SOBRE A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
Nos EUA, o FBI realizou vários estudos que buscavam estabelecer um perfil dos agressores em escolas, mas os resultados indicaram ser difícil determinar um padrão singular, uma vez que os perpetradores procedem de diferentes origens sociais.
Pesquisas adicionais demonstraram a influência dos efeitos positivos robustos trazidos com rendas familiares mais altas e níveis de educação elevado sobre o bem-estar e o desenvolvimento emocional da criança e dos jovens, o que reflete na estabilidade familiar, e não na estrutura familiar como se queria afirmar nos primeiros ensaios que descreviam ser os atiradores filhos do divórcio, viverem em lares adotivos ou de famílias nucleares intactas.
FATORES SUBJACENTES AOS ATAQUES A ESCOLAS
Dinâmica familiar.
Uma suposição sobre as causas catalíticas dos ataques em escolas vem da perspectiva familiar "não tradicional", que se concentra em como a estrutura familiar e a estabilidade familiar estão relacionadas aos resultados da criança.
Em termos gerais, os proponentes desta hipótese afirmam que as estruturas familiares, como mães solteiras, pais do mesmo sexo, família estendida ou coabitação são mais prejudiciais para o desenvolvimento do bem-estar de uma criança, do que heterossexuais casados equiparados à família nuclear.
As suposições sobre os efeitos prejudiciais de estruturas familiares "não tradicionais" foram repetidamente demonstradas como bandeiras falsas, com as verdadeiras questões situando-se repetidamente nas realidades socioeconômicas.
O comportamento arredio e reativo é definido como “o aluno que governa o poleiro”.
Também sob esse fator, é percebido que a criança insiste em ter excessiva privacidade.
SUPERVISÃO FAMILIAR
Um fator reitera que os perpetradores tendiam a se isolar e a exibir obsessão, sem compreender o significado das consequências de suas atitudes, tendo histórico de confronto por não entender o sentido de autoridade. Os pais são lenientes, não impõem nenhum limite à conduta e cedem com frequência às exigências.
Estudos revelaram que nas famílias dos agressores há com frequência falta de supervisão, baixa proximidade emocional e de intimidade.
Os pais desconhecem as atividades, nada sabem sobre a vida escolar, sobre os amigos ou outros relacionamentos. Os pais se sentem intimidados; temem ser atacados fisicamente se confrontarem ou o frustrarem o filho, ou podem não estar dispostos a enfrentar uma explosão emocional, ou têm medo de perturbar e desencadear uma crise emocional.
Em resumo os papéis familiares ficam invertidos e a criança assume a figura de autoridade, enquanto os pais agem como se fossem as crianças.
Domínio computacional.
O computador fica fora dos limites para os pais e os filhos mantêm segredo sobre jogos violentos, pesquisas sobre violência, armas e outros assuntos perturbadores.
Este fator inclui o argumento de que “os filhos sabem mais sobre computadores do que os pais”, e com isso os progenitores falham por não monitorar o acesso à Internet.
BULLYING ESCOLAR
O bullying tem sido percebido como uma causa sensível na vida de muitos agressores da escola. A vítima guarda rancor e tende a introjetar, sem revidar, mas passa a ruminar a raiva.
Segundo os observadores o bullying consiste em três partes:
o agressor
uma vítima
um ou mais espectadores.
Com essa conjugação tríplice o agressor cria uma grave humilhação pública para sua vítima.
A partir da raiva acumulada os alunos que sofrem bullying tendem a desenvolver problemas comportamentais, depressão, menos autocontrole e habilidades sociais mais fracas, além de ter um desempenho pior na escola. As vítimas nunca mais querem ser humilhadas e tentam recuperar sua imagem ingressando em grupos. Em geral, são rejeitados por seus pares e prosseguem restaurando a justiça no que consideram uma situação injusta. O plano de restauração tende à violência, como vem sendo demonstrado.
Notoriedade.
Os pesquisadores indicam ser preciso dar maior abrangência às investigações, para entender se este é um fenômeno real. Alguns atribuem ao comportamento de cópia, como ocorre com os suicidas, que pode ser correlacionado com o nível de exposição na mídia.
As agressões com tiros e facadas nas escolas podem estar relacionadas com a personalidade dos imitadores, pois os perpetradores podem ver um protagonista de ataque a escola anterior como um ídolo, e planeja realizar um assombro ainda mais destrutivo e assassino na esperança de ganhar reconhecimento ou respeito.
Alguns assassinos em massa estudam relatos da mídia sobre ataques anteriores e daí se alimentam de fatores como a notoriedade, ou seja, aquele desejo de ser lembrado.
Esse fator tem sido considerado como a principal razão da infâmia planejada pela maioria dos perpetradores capturados com vida, antes ou depois dos ataques.
CONCLUSÕES
Os estudos nos EUA indicam ser uma noção arcaica culpar videogames violentos como fonte de inspiração para alunos atacarem seus colegas e professores nas escolas.
O FBI oferece três elementos para consubstanciar a afirmação:
1. Nenhuma característica isolada deve ser considerada ou ter mais peso do que outras;
2. Um dia ruim não reflete a personalidade ou comportamento usual de um aluno;
3. Muitos comportamentos são identificados com outros problemas não violentos.
A Psiquiatria Clínica descreve que “para que um bebê se transforme em um adolescente gravemente violento, deverá ocorrer a convergência de múltiplos fatores de interação.
O processo pode ser comparado à complicação para formar um furacão em um lindo dia de primavera em Brasília". Assim, agressores com tiros e facadas nas escolas não têm necessariamente a origem em famílias de pais "maus, pois poderiam advir igualmente de pais atenciosos, educados, negligentes, solteiros, casados, abusivos ou amorosos.
DOENÇA MENTAL
Há possibilidade de que as pessoas com doenças mentais sejam mais violentas, uma vez que estão em maior quantidade entre atiradores nas escolas. Alguns estudos concluíram que há uma constelação comum de sintomas crônicos, como raiva, traços antissociais e a tendência de culpar os outros pelos problemas. Mas tentar "traçar o perfil" de atiradores de escolas com base nessa constelação de características resultará fatalmente em muitos falsos positivos, já que a maioria de indivíduos com esse perfil não se envolve em comportamentos violentos.
EFEITOS DELETÉRIOS
Depois de vivenciar um tiroteio na escola, bem como as mudanças na escola por meio de contramedidas, os alunos continuam a vivenciar o trauma. Em vários artigos revisados fica demonstrado que tiroteios em massa causam o PTSD e depressão contínua.
Nas cidades que experimentaram tiroteios na escola apareceu uma paranoia contínua e medo exagerado. Os estudos apontam para a necessidade de investigar e localizar os sinais e sintomas mentais exatos que acometem as vítimas de tiroteios em escolas.
Comments