PSICOLOGIA NOS DESASTRES
- Randal Fonseca
- 16 de jun.
- 3 min de leitura
Nas ações de resposta os sofrimentos menos perceptíveis nas vítimas, nos colegas e em si, são os psicológicos que resultam das visões, odores e sons desagradáveis.

Em desastres, os socorros psicológicos constituem um conjunto de medidas aplicado a membros das agências para reduzir os efeitos da exposição ao sofrimento humano grave.
No senso comum, a percepção é que traumas atingem só músculos, ossos e órgãos vitais.
Mas, na realidade, as cenas desagradáveis, os odores e os sons desconfortáveis atingem a mente, provocando traumas emocionais com sequelas que podem perdurar por toda a vida.

Os membros das equipes de resposta nas empresas e segurança privada não estão isentos de ver e ouvir coisas traumatizantes, como ocorre com os pessoal do SAMU e bombeiros.
Nos rescaldos psicológicos, membros das agências são assistidos por profissionais da saúde mental para lidarem com os traumas emocionais na etapa após desastres.

RESILIÊNCIA DAS EQUIPES
O termo resiliência foi pela primeira vez emprestado da Física pela Psicologia, por ser um conceito que descreve a capacidade de um sistema retornar ao equilíbrio depois de submetido a um distúrbio.
Agora, esse termo ingressou na Sociologia para descrever a habilidade do indivíduo em lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas provocadas pelos desastres, que pode incluir – estado de choque, estresse, evento psicodramático – sem entrar em surto psicológico, emocional ou físico.

A pessoa deve contar com soluções estratégicas para enfrentar e superar as adversidades.
Nas equipes de resposta, o conceito “resiliência” está associado à reação positiva em um contexto entre a tensão do ambiente físico-social e a vontade de vencer. Essas decisões propiciam forças táticas à pessoa para enfrentar a adversidade.
O indivíduo resiliente condiciona a mente a tolerar sentimentos de temor e consegue conviver com o sofrimento ao entender que a dor é parte da trajetória da vida. A proposta de desenvolver equipes emocionalmente resilientes não se resumem a eficácia nas respostas a fenômenos socialmente perturbadores, mas ao equilíbrio comportamental após impactos emocionalmente assustadores.
A saúde mental e emocional são componentes importantes do bem-estar geral de uma pessoa, pois são fatores relacionados a capacidade equilibrar os sentimentos. Quando as visões, odores e sons angustiantes são testemunhados, o efeito desses estímulos sensoriais provoca um esgotamento mental que se manifesta por meio de irritabilidade, impaciência, desconcentração, tristeza, raiva inexplicável, entre outros sintomas.
Todas as profissões que envolvem “cuidar dos outros” trazem aspectos sensoriais subjetivos que influenciam negativamente no sucesso das equipes, se fatores desgastantes da psique não forem considerados como provocadores de problemas a saúde física.

TRAUMA VICÁRIO
O trauma vicário, conhecido como fadiga da compaixão ou vitimização secundária, é uma reação natural à exposição do sofrimento de pessoas e animais domésticos. Como os cães em sofrimento emitem sinais similares, uma pessoa ao testemunhar a aflição do animal se identifica fortemente e desenvolve o sentimento de angústia e pesar.
O trauma vicário é um efeito colateral que atinge gravemente o emocional daqueles que presenciam o sofrimento de outras pessoas e dos animais de estimação. Essa resposta poderiam ser evitadas com cuidados simples de preparação que previnem a tristeza, mágoas e pesares.
PERIGO FUNCIONAL
O trauma vicário é um “risco ocupacional” e comunitário, pois há o perigo conhecido de a pessoa se identificar fortemente com um sobrevivente e assumir os sentimentos dele.

Assumir a responsabilidade pelos problemas dos outros aumenta o estresse e afeta sua eficácia geral. Da mesma forma ao introjetar os sentimentos dos sobreviventes como se fossem seus pode afetar sua capacidade de socorrista com um impacto de longo prazo.
Durante operações de resgate membros das equipes relatam ouvir “coisas” desagradáveis e desconfortáveis a respeito dos cães de estimação que encontram perdidos nas ruas. Essas “coisas”, dizem eles, poderiam ter sido evitadas se as pessoas estivessem preparadas para proteger seus amiguinhos, mas falham ao pensar que sabem. Na verdade, não sabem.

Esteja alerta a sinais de trauma vicário em si, na equipe, nas vítimas e sobreviventes, para tomar medidas que aliviam o estresse e sofrimentos crônicos resultantes.
SOBRE O ESTRESSE
O debate sobre sentimentos de dor e ódio é direcionado aos recursos da resposta
O processo é iniciado imediatamente no período de desmobilização dos recursos.
Todas as circunstâncias debatidas são confidenciais em benefício dos recursos.
A terapia é conduzida em local distante da cena, e por não mais de 30 minutos.
O objetivo é desarmar as vias de progresso do estresse e retomar as atividades sociais.
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