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A LONGA PREPARAÇÃO PARA A ETAPA DA RECUPERAÇÃO

  • Foto do escritor: Randal Fonseca
    Randal Fonseca
  • 31 de jan.
  • 5 min de leitura


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Embora longa, a etapa da recuperação é dividida em curto prazo e longo prazo.


No curto prazo estão incluídas operações de busca e localização, hidratação, abrigo, alimentação, liberação de vias, transporte, assistência hospitalar, e restaurar outros serviços essenciais, enquanto os serviços menos essenciais vão sendo escalonados.


No longo prazo estão incluídas as ajudas indivíduos, comunidades, empresas e complexos industriais a retornarem ao normal ou a um novo normal, dependendo do desastre.


O curto e longo prazos são um conceito temporal com uma definição de tons de cinza, sob o ponto de vista do ciclo de gestão de desastres que trata dos perigos ocultos, como a água e solo contaminados, infecções cruzadas e perigos da densidade demográfica.

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Dentre os perigos ocultos está a restauração de edificações escolares.


Há sempre o risco de as escolas ficarem inoperantes por tempo indeterminado, porque não há como mensurar quanto o impacto compromete o processo educacional.

Assim como a contaminação tem efeitos subjetivos sobre a saúde, a retomada da educação dependerá de ter espaços alternativos planejados na etapa mitigação/preparação.


O conceito temporal evidencia a importância da Educação para Desastre.


DESASTRES COMO TEMA NO ENSINO FORMAL

A educação formal é institucionalizada, intencional e planejada por meio de organizações públicas e privadas e, em sua totalidade constitui o Sistema de Educação de um país.


Os programas de educação formal são reconhecidos pelas autoridades educacionais; tem currículo definido ministrado em escolas e instituições oficiais com objetivo de fornecer conhecimentos e habilidades aos alunos, preparando-os para a vida pessoal e profissional.

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A educação formal é caracterizada por ter professores e educadores reconhecidos e gerida pelos governos nacionais, visando que os alunos adquiram conhecimentos científicos e desenvolvam habilidades como pensamento crítico e resolução de problemas.


Neste âmbito está a educação profissional, a educação para necessidades especiais, a de jovens e adultos, também são reconhecidas como parte do sistema de educação formal.


EXEMPLO 1

Na Nova Zelândia, o Ministério da Gestão de Emergências (MEM) desenvolveu o programa What’s the Plan, Stan? dedicado a escolas que serviram de modelo para que outras revisassem seus planos estratégicos e medidas de recuperação.


Este caso ilustra a natureza cíclica do planejamento estratégico com desdobramento que incluiu a formação contingencial de professores atingidos por desastres.

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A Educação para Desastres na Nova Zelândia foi inserida na educação formal após o terremoto em Christchurch em 2011. As estratégias de ensino e aprendizagem adotadas na Educação para Desastres foram baseadas em "investigação” para que os professores incorporassem as instruções para desastres nas suas disciplinas em qualquer área: Ciência, inglês, Sociologia, Educação Física (...). O programa What's the Plan, Stan? Na Nova Zelândia é financiado, promovido e implementado em todas as escolas do país.


EXEMPLO 2

A educação para desastres na China foi incluída na educação formal após o terremoto de Wenchuan em 2008. O Gabinete Geral do Conselho de Estado publicou o Plano Nacional Abrangente de Prevenção e Redução de Desastres 2011-2015, e o Ministério da Ciência e Tecnologia criou o 12º Plano Especial Quinquenal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico para Prevenção e Redução de Desastres Nacionais. O governo designou o 12 de maio, (dia de terremoto), como o Dia Nacional de Prevenção e Redução de Desastres.


A extensa pesquisa de Zhu e Zhang (2017) em quatro regiões descreve como alunos e professores percebem a educação para desastres na escola. Uma das principais descobertas é que a maioria dos alunos e professores concorda que a educação para desastres na educação formal é uma estratégia eficaz de promover a conscientização.


No entanto, os professores chamaram atenção que o programa na escola se concentrava no "conhecimento" sem "atratividade prática associada a características locais".


DESASTRES COMO TEMA NO ENSINO NÃO-FORMAL

A aprendizagem não-formal é uma alternativa e/ou complemento à educação formal.


Muitas vezes é uma estratégia para o direito de acesso de todos à educação.

A educação não-formal é direcionada a pessoas de todas as idades, mas não aplica necessariamente uma estrutura de caminho contínuo; pode ser de curta duração e/ou baixa intensidade, e é normalmente na forma de cursos expeditos, workshops ou seminários.

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A educação não-formal qualifica os egressos e contribuem para a alfabetização e educação de crianças, jovens e adultos que ficaram fora da escola. Também incluem conteúdos voltados ao bem-estar, e desenvolvimento social ou cultural.


EXEMPLO 1

Na Alemanha os professores da educação para desastres operam por meio de ONGS e são treinados pela TWH, Bundesanstalt Technisches Hilfswerk (Agência Federal Alemã de Assistência Técnica). Cerca de 99% dos seus membros são voluntários.


As tarefas do THW são descritas em uma lei chamada Helferrechtsgesetz, que inclui:

  • Socorro técnico como parte da defesa civil

  • Socorro técnico ou humanitário em países estrangeiros

  • Socorro técnico e logístico como brigadas, polícia ou autoridades alfandegárias.

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Essa ONG financiada pelos contribuintes, atua nas operações de busca e resgate com alto nível de destaque pela eficiência em nível nacional e internacional.

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A educação para desastres na THW contribui na formação de brigadistas voluntários e socorristas com a característica de “treino técnico especializado" sinalizando que apenas pessoal de alto desempenho pode ingressar nas operações de resposta a desastres.


Para ingressar na THW os docentes precisam demonstrar comprometimento com treinos extensivos, participar de reuniões regulares, além de outras atividades. Embora atuar em operações táticas seja comum internacionalmente, na Alemanha não é, pois não existe opção de Educação para Desastres acessível ao público em geral.


EXEMPLO 2

O Japão tem um sistema de treino voluntário para promover e implementar “autoajuda”, “ajuda mútua” e “ajuda colaborativa” nas ações de prevenção e preparação para desastres.


“Ajuda mútua” e “ajuda colaborativa” são tratadas de forma separada, embora o termo político “colaboração” seja empregado para ambas as ajudas.


Na esfera comunitária, o termo “Ajuda mútua” é o mais utilizado, enquanto “Ajuda colaborativa” refere a ajuda por estranhos.

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Qualquer pessoa no Japão pode fazer parte, desde que siga as regras que incluem, inscrever-se no Curso de Educação para Desastres (promovido por um centro autorizado), passar no exame para Líder em Prevenção de Desastres e certificado de primeiros socorros.


Os sistemas alemão e japonês de educação formal dos docentes são socialmente reconhecidos. No entanto, por ser um programa de voluntariado com participação não-remunerada, o mais adequado seria considerar como educação não-formal.


DESASTRES COMO TEMA NO ENSINO INFORMAL

Educação informal, se caracteriza por ser intencional, mas não é institucionalizada. Por isso é menos organizada e estruturada do que a educação formal ou não-formal. A educação informal inclui aquela que ocorre na família, no local de trabalho, na comunidade no cotidiano, de forma autodirigida, familiar ou socialmente orientada.

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A educação informal tem sido responsável pela maioria da Educação para Desastre.


Em países propensos a terremotos, as pessoas adotam o axioma "abaixe-se, cubra-se e segure", como ensinam os bombeiros para roupas em chamas: “cubra a face, deite e role”.

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A educação informal ocorre naturalmente quando pessoas visitam memoriais e museus.

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