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PRIMEIROS SOCORROS EM CONTEXTOS FRÁGEIS

Foi a partir de 1973, logo após o fim da guerra no Vietnam, que as diretrizes para orientar os procedimentos em primeiros socorros sofreram profundas modificações que deixaram de ser procedimentos médicos e da enfermagem (inclusive nas guerras) para incluir a formação de leigos. Como experimento, os primeiros profissionais não-médicos a serem treinados foram os comissários de bordo das aeronaves.

A seguir aos comissários foram incluídas todas as pessoas que de alguma forma tivessem responsabilidade implícita por prestar ajuda, como os pais com seus filhos, os professores com seus alunos, os motoristas com seus passageiros, transeuntes e ocupantes de outros veículos em caso de colisões, apenas para citar alguns.


Foi em 2008 que estudos realizados por instituições norte-americanas (Tucson e Seattle) concluíram que o fardo do trauma atingia essencialmente e com muito mais intensidade as populações de países com média e baixa renda, onde socorristas leigos precisam intervir, ou seja, “onde recursos de saúde pública são limitados ou indisponíveis”.

Esses contextos foram definidos como “frágeis” e neles os primeiros socorros de alta qualidade passaram a ser oferecido a todas as pessoas como parte das Políticas de Saúde Pública.


PARA SABER MAIS:



Ao longo das décadas entre 1973 e 2008, as organizações dedicaram atenção para melhorar o ensino em primeiros socorros, desenvolvendo técnicas e métodos de ensino que facilitassem o aprendizado de leigos Para isso, foram adotados recursos didáticos que incluíram desde transparências (OHT), slides, DVD, livros interativos e manuais com padronização de ensino para formar formadores ao redor do mundo.


A DIVULGAÇÃO

Foi em 2015, em Tucson (AZ, EUA), que os cientistas médicos divulgaram estarem investigando desde 2002 a etiologia dos acometimentos cardíacos e práticas de primeiros socorros. A partir dos resultados dos estudos foi instituída uma referência que, em contrapartida à tradicional RCP, denominaram como Ressuscitação Cárdio-Cerebral (RCC), que logo passou a ser adotada em outras áreas dos EUA.


Os estudos do grupo de Tucson estavam sendo conduzidos com experiências realizadas em suínos. Neste ponto é importante reiterar que o objetivo não estava voltado a procedimentos para tratar aquilo que os cientistas médicos definiram como “parada cardíaca primária” – (do Inglês: Primary Cardiac Arrest), ou seja, quando o colapso súbito de um adulto é testemunhado (vendo ou ouvindo) fora do hospital.


Os estudos em Tucson (AZ) constataram que apesar das recorrentes atualizações das diretrizes para ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e cuidados cardíacos de emergência (ECC) publicadas desde 1973pela AHA, muitas regiões no mundo ainda apresentam baixíssimas taxas de sobrevivência.

As observações em Tucson (AZ) indicaram que as taxas de sobrevivência de pacientes em parada súbita do coração fora do hospital, como decorrência de uma arritmia chocável, melhoraram nos contextos em que foram adotadas a RCP de alta qualidade com choque do DEA aplicados em até 3 a 4 minutos, e Suporte Avançado de Vida (SAV) na cena em até 6 minutos, que complementavam os serviços médicos de emergências no ambiente pré-hospitalar, e daí, seguindo para receber o tratamento Intra-hospitalar com efetividade.

Então, o grupo de Tucson oficializou a alternativa à tradicional RCP, denominada como Ressuscitação Cárdio-Cerebral (RCC), com três componentes essenciais:

  • Comunidade (SBV precoce)

  • Serviços médicos de emergências pré-hospitalares (SAV-ACLS na cena)

  • Tratamento de qualidade no hospital

Para o componente “Comunidade” a diretriz RCC enfatizou, assim como a RCP da AHA, a necessidade do reconhecimento imediato por parte de pessoa que tenha testemunhado um adulto colapsar e que inicia o procedimento aplicando a RCP Só-compressões (RCP-SC).

Para o componente “Serviços Médicos de Emergências Pré-hospitalares” a RCC enfatizou procedimentos que incluíram:

  1. Iniciar com 200 compressões ininterruptas antes e depois de cada choque do DEA

  2. Intubação endotraqueal para fornecer oxigênio com pressão positiva usando a BVM

  3. Administrar Epinefrina

Para o componente “Tratamento de qualidade no hospital” a RCC considerou como final.

O grupo de Tucson também afirmou que as diretrizes para ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e serviços de médicos de emergência pré-hospitalares, ainda não haviam alcançado um estágio satisfatório por vários motivos, e reiteraram que o principal o fator estava relacionado a AHA continuar a recomendar a mesma abordagem de tratamento para duas etiologias cardíacas inteiramente diferentes:

  1. Parada cardíaca primária

  2. Parada cardíaca secundária


PARA ENTENDER MELHOR:

  1. A parada cardíaca primária ocorre na maioria das vezes (95%) por fibrilação ventricular (FV), onde a oxigenação do sangue arterial fica pouco alterada.

  2. A parada cardíaca secundária, ocorre por insuficiência respiratória grave, como no caso de AFOGAMENTO, OVERDOSE DE DROGAS e outras causas. Neste caso, o sangue fica sem saturação de oxigênio e é isso que provoca a parada cardíaca. É lícito reiterar que nesta condição não há nada de errado com o coração, mas sim com a respiração.


Os cientistas de Tucson (AZ) afirmaram que o tratamento para essas duas formas diferentes de interromper o funcionamento do coração não pode ser o mesmo, precisa ser diferente.

Na parada cardíaca primária, a oxigenação do sangue é normal no momento da parada e, pelo fato de o fluxo sanguíneo diminuir e rapidamente parar, a oxigenação do sangue arterial permanece normal por vários minutos.


Na parada cardíaca secundária, como no no caso de afogamento ou outras causas de insuficiência respiratória grave, o coração continua a bater e a fazer circular o sangue por algum tempo, mas devido à falta de ventilação o sangue arterial se torna progressivamente anóxico, ficando acidoso e, é por esse motivo que ocorre a fibrilação ventricular (FV) ou a assistolia tardia.


Durante os estágios iniciais da insuficiência respiratória, antes da parada cardíaca, as ventilações (e não as compressões torácicas) podem fazer toda a diferença, e isso é essencialmente necessário para a sobrevivência. No entanto, após o coração parar então é que se tornará necessário adicionar as compressões torácicas associadas às ventilações.


EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS PARA OS PRIMEIROS SOCORROS 

A partir de 2015, os estudos contradisseram diversos procedimentos de primeiros socorros. Também as formas de ensinar leigos foram colocadas sob escrutínio da ciência ao longo de cinco anos, e, as investigações foram realizadas em contextos ocidentais durante tempos de paz e/ou ambientes de saúde (hospitais).

Essa é uma novidade dentre as novidades.


A Educação em Primeiros Socorros (EPS) pode variar de acordo com o contexto. Estudos complementares do ILCOR CoSTR buscaram compreender os princípios educacionais para adaptar de acordo com os recursos disponíveis em cada contexto: frágeis e não frágeis.


A definição de 'fragilidade', de acordo com a Organização para Cooperação Econômica e

Desenvolvimento (OCDE), incorpora conceitos de “exposição ao risco com capacidade insuficiente de lidar com esses riscos”. A fragilidade afeta uma proporção significativa da população global. Essa abordagem da OCDE modificou a forma de perceber a importância dos instrutores de primeiros socorros, e desde então eles foram colocados na linha de frente com o objetivo de preparar o maior número de pessoas para responder a emergências médicas com os primeiros socorros de alta qualidade. As respostas a emergências médicas passam evidenciar o resultado desta preparação oferecida pelos instrutores, em um contexto em que os indivíduos se tornam aptos a enfrentar desafios (dominando "primeiros socorros").


Os socorristas ocupam a posição do primeiro elo da Corrente da Sobrevivência


AS MODIFICAÇÕES DE PROCESSOS: ILCOR, OMS, OCDE

Segundo as organizações relacionadas ao bem-estar das populações em âmbito mundial, cada localidade no planeta deve decidir com suas lideranças sobre o manejo do Tempo-resposta-integral para a vítima retomar suas atividades sociais com alta qualidade. Isso é outra novidade dentre as novidades.


MAIS ESTUDOS INTERNACIONAIS FORAM REALIZADOS

O professor americano de estudos internacionais Joel Migdal analisou a relação entre Estado e sociedade, onde há uma disparidade entre as políticas oficialmente anunciadas e a distribuição real dos recursos estatais. Ele alinhou essa disparidade à falta de controle social por parte do governo - "a capacidade real de fazer as regras operacionais do jogo para as pessoas da sociedade". Isso inclui não apenas a existência de agências governamentais sobre o território e a extração de recursos, mas também a capacidade de apropriar recursos e regular o comportamento das pessoas.


Migdal afirmou que a expansão da economia europeia e do comércio mundial no século XIX levou a mudanças drásticas nas estratégias de sobrevivência das pessoas em países da Ásia, África e América Latina. As políticas estatais impostas pelos colonizadores europeus, incluindo leis de regularização fundiária, tributação e novos modos de transporte, mudaram a situação e as necessidades de vida das pessoas nesses continentes de forma rápida e profunda. Velhas recompensas, sanções e símbolos tornaram-se irrelevantes sob a nova situação e o controle social anterior ao colonialismo e, com isso as instituições foram erodidas.


No entanto, ao contrário da Europa Ocidental nos séculos anteriores, os países colonizados não estabeleceram uma nova concentração de controle social como base de um Estado forte e capaz. Isso porque, embora nesses continentes os países tivessem a condição necessária para criar um Estado forte – (antigo controle social enfraquecido pelo comércio mundial antes da Primeira Guerra Mundial) - eles não tinham condições suficientes:

  1. Timing histórico mundial que incentiva o controle social concentrado;

  2. Ameaça militar de fora ou de dentro do país;

  3. A base para ter uma burocracia independente;

  4. Liderança de topo hábil que tiraria proveito de todas as condições acima.


O equilíbrio correto da construção estatal e da construção da paz tem sido considerado altamente evasivo, mesmo quando a construção da paz e a segurança foram alcançadas por meio do desenvolvimento da própria capacidade do Estado.


PROGRAMA RTI DE FORMAÇÃO DE INSTRUTORES 2024


 

O JGE parabeniza o grupo seleto de instrutores RTI que há mais de 40 anos promovem os programas de primeiros socorros (incluindo SBV) para atender a demandas específicas de empresas e grupos sociais. O programa de formação de instrutores inclui o compromisso de ambas as partes (RTI e instrutores) de manter a atualização continuada, evidenciando a responsabilidade com os alunos, considerando que as evidências científicas que atualmente embasam os procedimentos de primeiros socorros são publicadas de tempo em tempo.

 

Neste aspecto, as instruções de primeiros socorros e de SBV oferecidas pela RTI na formação de formadores, estão em consonância com as evidências científicas trazidas pelo ILCOR CoSTR,  e Grupo de Redação do ERC – Eropean Ressuscitation Council.


Para conhecer com mais profundidade o histórico da evolução das revisões sistemáticas que somam mais de 50 anos, e para entender o atual conceito de embasar os procedimentos em evidências científicas, sugerimos assistir às videoaula RTI para se inteirar das significativas modificações de processos e solidificar a convicção da melhor escolha, em estar com a RTI.


Os instrutores RTI conduzem a EPS presencial e online em contextos frágeis e não frágeis.

 

 

 

 

 

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