PERIGOS, RISCOS, VULNERABILIDADES
- Randal Fonseca
- 22 de jul.
- 5 min de leitura

Não é simples estabelecer um padrão de resposta a impactos abrangentes.
Enchentes e deslizamentos de encostas são eventos documentados em todos os estados.
No entanto, não há registro de terremotos de proporções catastróficas no território brasileiro, mas em contrapartida os incêndios florestais devastam áreas sensíveis como o Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica, sem poupar localidades menos emblemáticas.

Ondas de frio e de calor impactam especialmente pessoas idosas e portadoras de comorbidades, sem poupar as camadas mais pobres, como as em situação de rua.

Perigos diversos
Se incluirmos os impactos sociais mais corriqueiros como as colisões veiculares e criminalidade, o quadro se torna mais abrangente, mas menos televisivo devido à constância em todo o Brasil.
Já, quedas de aeronaves e naufrágios costumam ganhar notoriedade porque aumentam o espectro das áreas que contribuem com formas súbitas de perdas de vida e patrimônio.
Vendavais e outras condições climáticas adversas se somam aos erros humanos, não só nas estradas, ruas, espaço aéreo e aquático, mas também no âmbito doméstico e industrial na maioria devido a falhas sistêmicas dos poderes. Locais tradicionalmente sagrados como escolas, creches e universidades ingressaram nas estatísticas
Riscos constantes
Diante desses cenários é possível constatar que os riscos estão presentes a qualquer tempo e em todos os locais. Compete, portanto, a cada pessoa aprender a identificar as ameaças e preparar uma defesa. Isso não é tarefa simples, pois depende de um complexo processo de conscientização e autodeterminação para desenvolver habilidades e manter a atenção para desafios de todas as naturezas. Para isso, para alcançar um estado de prontidão que vai além da condição natural, é preciso treino. Mas pode não ser possível treinar todos os indivíduos para todos os tipos de ameaças.
A solução envolve elementos da Gestão de Emergências.

Cada localidade e sazonalidade tem peculiaridades, daí ao se deslocar, é preciso ter em mente o benefício obter informações antecipadas por meio das redes neurais comunitárias.
Por exemplo, ao conduzir um veículo, há o pressuposto implícito de cuidar da segurança no trânsito em todas as suas vertentes. Da mesma forma, todos os mais diferentes tipos de deslocamento devem receber o mesmo tipo de consideração. Isso já ocorre nos programas de ambientação (integração) previstos na ISO 14.000. Os profissionais participam de um programa que alerta manter a atenção voltada a prevenir intercorrências ambientais.
Embora essas ordenanças possam parecer óbvias, a realidade demonstra que eventos indesejáveis ocorrem em todas as atividades humanas nas sociedades complexas. No entanto, entre os povos tradicionais, aqueles que possuem forte ligação com os recursos naturais, o estado de prontidão contra ameaças é aprendido com os mais velhos e mantido ativo ao longo da vida.
Na medida em que há maior e contínua diversificação dos apelos de mídias e das atividades recorrentes, percebe-se que há perda considerável dos níveis de percepção de aspectos subjetivos, contribuindo com a desatenção aos tipos de riscos e de naturezas.

A tecnologia afeta negativamente pessoas sem treino, onde distrações sincrônicas comprometem manter o estado de alerta, predispondo a miríades de falhas.
Nossa dependência de computadores embora possa parecer inocente cobra um preço alto à saúde, com potencial de aumentar em quantidade e gravidade dos danos percepcionais.
Por exemplo
Qual o potencial de a engenharia civil erguer uma barragem e produzir falhas estruturais que resultem em ruptura, como testemunhado na região central de Minas Gerais, com efeitos devastadores.
Qual a explicação para justificar a falha das barragens?
Qual a justificativa de haver pessoas destreinadas vivendo a jusante das barragens?
Qual a justificativa para atos de violência, como os tiroteios nas escolas?

Há muito esses eventos deixarem de ser privilégio das outras nações. Já ocorreram no Brasil e nada indica que as defesas necessárias tenham sido postas. Então, por que os adultos responsáveis ainda não estão treinados, preparados com estratégias e táticas para se defender e proteger as crianças.
Considerando esses e outros perigos, não há lugar completamente seguro para viver ou visitar, já que turistas são vulneráveis a assaltos e a agressões físicas e morais humilhantes.
Vulnerabilidades
O desafio candente é desenvolver um método para classificar o grau de vulnerabilidade da população sem treino. Parte dessa dificuldade resulta das diferentes interpretações do que o conceito “treinamento” significa ou implica.
Por ser um parâmetro abstrato, o nível de vulnerabilidade requer expertise para ser determinado, pois abrange o espaço social e geográfico.
Embora todos sejamos considerados como vulneráveis de alguma forma e em algum momento a fatores intimidadores que resultam da própria estrutura social, ainda há as ameaças dos desastres de causas naturais que no Rio Grande do Sul ficou demonstrado abranger graves consequências a todas as atividades e formas de vida, não só a humana.

Muitos acadêmicos consideram o fator vulnerabilidade como o resultado de uma condição social e econômica que predispõem a impactos. A pobreza não é causa das vulnerabilidades, mas as políticas públicas sim, são responsáveis pelas gravidades dos danos por desastres.
Estatísticas pontuam amplas evidências de que são as camadas estratificadas as mais afetadas por perdas e sofrimento, devido ao fato de viverem em moradias precárias sem obedecer aos códigos de uso da terra, que implica em graves condições de riscos, como as várzeas de rios.
Aqueles com renda escassa nem sempre conseguem se preparar para desastres e, em geral não conseguem aderir a ordens de evacuação:
a) por falta de recursos;
b) com medo de saques.
As condições de moradia não permitem ter seguro, o que dificulta a recuperação.
Nessa linha de considerações estão as pessoas com necessidades especiais que pode incluir não apenas as com deficiência, mas também crianças, mulheres e idosos. Em aditamento a essa lista, há que colocar pessoas sem treino, sem capacidade física ou mental para reagir, e sem acesso a recursos materiais para resistir e recuperar das ameaças.
Populações de vulneráveis
Em muitas cidades pitorescas há presença contínua de grande quantidade de turistas de todas as idades vindos de todos os lugares. Mas em todas as localidades há os pacientes hospitalares e os mantidos em atendimento domésticos, há prisioneiros e residentes que burlam as regras e há os que não gostam de regulamentações.
Há os moradores de rua contumazes e os que perambulam de um lugar a outro. Todos devem ser considerados como altamente vulneráveis.
A cultura influencia a minimizar os riscos, considerando que intempéries têm a ver com crenças e as decisões se baseiam em sinais aumentando a propensão de serem atingidos.
Iniciativas
As ações de mitigação e preparação, como regra geral são insuficientes, equivocadas ou não existem. Por exemplo, embora exista a obrigatoriedade normativa e legal de as prefeituras desenvolverem o Plano de Operações em Emergências e, com base nesse planejamento exigir às organizações que desenvolvam um Plano de Ações em Emergências e treinem para integrar essas duas ordenanças a fim de implementá-las.
A formulação inadequada de políticas e a falta de vontade administrativa limitam a capacidade tanto dos servidores públicos, como da população para aderir às provisões.
Existem muitas outras causas de vulnerabilidade que vão desde a dependência excessiva da tecnologia e do nível de educação até a coesão da comunidade e a preparação empresarial. No entanto, embora os riscos industriais estejam bem-sinalizados e claramente visíveis, pouco se sabe sobre como lidar com os impactos de causas naturais neste país.

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