EDUCAÇÃO EM GESTÃO DE EMERGÊNCIAS
- Randal Fonseca
- 18 de jun. de 2024
- 9 min de leitura
Atualizado: 26 de mar.
O JGE coloca em perspectiva a importância inquestionável de educar as populações para lidar com as adversidades que impactam as localidades ao redor do mundo.
Para os gestores, desastres são recorrentes e, para lidar com eles, a disciplina Gestão de Emergências divide o processo em etapas: Mitigação, Preparação, Resposta e Recuperação.
As sugestões de temas, métodos, processos e políticas educacionais têm a finalidade de incentivar os tomadores de decisões e educadores a colaborarem, iniciando logo.
CONCEITOS DA GESTÃO DE EMERGÊNCIAS
O termo “desastre” é aplicado à condição em que a emergência não foi controlada e, que recursos adicionais foram necessários para integrar esforços na recuperação.
A gestão torna os danos menos prováveis de acontecer (resistência) e menos prejudiciais quando acontecem (resiliência), para isso, a principal estratégia é educar as populações.
A PRIORIDADE É A EDUCAÇÃO
A educação pública para desastres é a forma mais eficaz de reduzir danos e sofrimento.
Durante seis décadas cientistas sociais dedicaram atenção a métodos educacionais que aumentassem o conhecimento, de forma que o saber contribuísse na redução de desastres.
INTRODUÇÃO
Segundo a OCDE, no último século, devido a intervenções humanas na natureza, as pessoas se tornaram mais vulneráveis a desastres de diferentes tipos e magnitudes. Neste sentido, a solução ideal para o desafio são os programas educativos abrangentes alinhados aos contextos.
Sabemos que a “natureza do risco” resulta da interação entre um perigo e as condições de vulnerabilidade dos elementos expostos. Portanto, a etapa da mitigação é ao mesmo tempo o conceito e a prática de reduzir a exposição aos perigos por meio de esforços sistemáticos.
A educação pública para desastres é um dos processos da gestão de emergências a ser implementado em diferentes níveis. O efeito positivo se dá com o conhecimento que produz mudanças nas atitudes das pessoas e, a somatória das condutas contribui para elevar o nível da compreensão individual e a modificar o comportamento da comunidade.
Mas no que exatamente consiste a Gestão de Emergências?
Em síntese, a gestão de emergências consiste em organizar e direcionar recursos para coordenar responsabilidades dos setores públicos, privados e das ONGs nos municípios.
APRENDIZADO COM EXPERIÊNCIAS
Uma das lições da COVID-19 é que eventos indesejáveis podem atingir a todos a qualquer momento. Além de epidemias, também desastres de grandes magnitudes podem ter origens abrangentes em vazamentos radiológicos e derrames de produtos químicos.
A ONU define desastre como qualquer evento que perturbe gravemente o funcionamento de uma comunidade ou sociedade e que, por falta de meios, não tem como recuperar sem ajuda de recursos externos.
Pela necessidade imperativa de integrar esforços cooperados, a etapa da Recuperação demanda várias competências específicas que, para serem adquiridas de forma consistente e em curto prazo de tempo, as lideranças devem aceder aos cursos on-line JGE.
PESQUISE NO JGE
MATERIAIS E MÉTODOS
As análises temáticas revelaram oito categorias principais de estratégias educacionais que incluem: aumento de conhecimento, necessidades educacionais, planejamento educacional, abordagens educacionais, conteúdo educacional, ferramentas educacionais, organizações envolvidas e barreiras da aprendizagem.
A maioria dos países lançou atividades educativas, mas as ações não foram suficientes, pois existem lacunas entre o que é e o que deveria ser.
A recomendação atual é concentrar esforços educacionais na etapa da mitigação.
AS ETAPAS DA GESTÃO
1. Mitigação
A melhor maneira de controlar emergências para prevenir desastres é ser proativo. Isto significa identificar perigos potenciais, analisar os riscos de cada perigo impactar, determinar as vulnerabilidades e conceber as medidas para eliminar ou mitigar riscos.
Embora esta etapa do ciclo da gestão envolva a implementação de medidas permanentes para minimizar o risco, é essencial reconhecer que as emergências nem sempre podem ser evitadas; elas ocorrem a despeito e à revelia de toda a segurança. A prevenção é uma das ações de mitigação que envolve a percepção de diferentes cenários; ao se examinar os históricos há como prever recorrências e implementar ações proativas.
A etapa da Mitigação foca as ameaças a vida, ao meio ambiente, meios de produção e propriedades. As medidas podem ser estruturais, não-estruturais e procedimentais.
POR EXEMPLO:
Desocupar as instalações de uma escola. Essa é uma ação proativa em que é considerado o número de alunos a serem retirados, as vias de acesso até um ponto de segurança e garantir que ninguém fique para trás. As diretrizes devem descrever os métodos para evitar dispersão e tumulto. O plano deve envolver os professores e estafe. Históricos de incêndio, inundação, e shooting embasam o plano de ação.
Conhecer os perigos potenciais da localidade. Informação sobre barragens nas proximidades, linha de trem cruzando a localidade, armazenamento e transporte de cargas perigosas, merecem um plano de ação com medidas estruturais.
Identificar o que pode ser arremessado. Em caso de vendavais, objetos como telhados, janelas, galhos e mesmo árvores podem alçar voo e atingir pessoas, casas, veículos, edifícios etc. O plano de ação deve envolver medidas estruturais
2. Preparação
A etapa da Preparação é um processo contínuo no qual indivíduos, comunidades, empresas e organizações podem planejar e adquirir conhecimento para controlar emergências e integrar esforços cooperados para desastres. A preparação é definida pelo processo de treino contínuo, avaliação e ação corretiva, garantindo o mais alto nível de qualidade nos recursos e meios de telecomunicação integrada.
A forma de avaliar os níveis de preparação é realizando exercícios simulados que podem incluir softwares, ensaios com ajuda de trupes de teatro e exercícios de desocupação de áreas, primeiros socorros e remoção de vítimas, por exemplo.
3. Resposta
A etapa da Resposta deve identificar a natureza da emergência e controlar a condição com meios próprios. Os recursos e o tempo de duração das ações de resposta são parâmetros para categorizar o tipo do incidente. O comandante (SCC – Sistema de Coordenação e Comando) assume a responsabilidade por todas as ações, mobilizando recursos próprios para que a condição não expanda para nível de desastre.
4. Recuperação
A etapa da Recuperação é dedicada a categoria de desastres. Quando a condição expande e recursos adicionais externos são acionados, o comando do SCC poderá ser unificado e a CMA – Coordenação Multiagência poderá ser ativada. A recuperação pode ser em curto prazo, quando iniciada ainda durante a etapa da Resposta, e em longo prazo que, às vezes pode se estender por anos ou décadas.
POR EXEMPLO
Após o furacão Katrina (2005) algumas áreas em Nova Orleans ainda não recuperaram totalmente. As ações de recuperação podem envolver muito mais do que a estabilização da área e a restauração das funções comunitárias. As prioridades serão colocadas em uma escala, envolvendo alimentação, água potável, serviços públicos, transportes, e saúde.
Em última análise, a etapa da Recuperação inclui ajudar indivíduos, comunidades, empresas e organizações a regressarem à normalidade, ou a uma nova normalidade.
AS COMPETÊNCIAS DA GESTÃO
Os líderes precisam desenvolver competências em cada etapa da gestão de emergência:
MITIGAÇÃO
Nesta etapa a competência dos líderes implica em identificar perigos e analisar os riscos.
A capacidade de solucionar problemas e de prevenir impactos está relacionada a qualidade do relacionamento institucional ou comunitário na etapa da mitigação.
Um aspecto importante da função do gestor de emergências na etapa da Mitigação é cobrar continuamente os responsáveis pela redução de perigos. Cada setor precisa fazer sua parte para mitigar os riscos que eles criam.
A competência do gestor de emergências implica em monitorar e incentivar que todos façam aquilo que devem fazer: isso não é tarefa simples.
A capacidade de sensibilizar as populações, e não só os líderes de setores, suscita manter todos informados sobre os passos que podem, e que mesmo devem ser dados para manter o estado natural de prontidão. Todos são parte do problema e da solução.
Esta etapa é a mais crucial. Se os riscos forem eliminados ou no mínimo mitigados, os efeitos das emergências e a probabilidade de evoluir para desastre ficam bem reduzidas.
Segundo cálculos do Instituto Nacional de Ciência da Construção dos EUA, cada dólar empregado na mitigação produz uma economia de 6 dólares na etapa da Recuperação. Outra definição reza que 1 grama de ouro em mitigação é 1 quilo de ouro na recuperação.
PREPARAÇÃO
Nesta etapa os líderes devem focar a formação, qualificação e a performance das equipes. A capacidade para responder aos impactos que atravessam os riscos e que não puderam ser eliminados ou mitigados. Por isso aqui a função do gestor se torna essencial. Manter todos em estado de prontidão é um desafio permanente.
Por isso, compete à gestão de emergências identificar os cursos e treinos de alta qualidade para oferecer ao pessoal de acordo com necessidades de ingressar no esforço da resposta.
É importante reiterar que é a capacidade de controlar emergências está diretamente relacionada a prevenir a expansão do evento para a categoria de desastre. Neste âmbito, as ações da gestão de emergências estarão voltadas a solucionar os parâmetros operacionais para integrar as equipes locais com as adicionais que precisarão interagir, prevalecendo a eficácia das telecomunicações. As falhas nas comunicações produzem os piores cenários.
Acesse: ciência das emergências #2 – os princípios para as denominações.
RESPOSTA
Nesta etapa a consideração fica voltada a habilidade do comando para tomar decisões acertadas dentro de contextos caóticos. Isso é uma arte que precisa de competências específicas e muita experiência. Um comando mal direcionado ou mal interpretado pode resultar em perda de vida e agravamento da condição. Delegar tarefas é uma responsabilidade complexa, pois envolve a vida das equipes táticas e dos voluntários.
O SCC é a ferramenta que os gestores precisam aprender a usar e praticar.
RECUPERAÇÃO
Nesta etapa o objetivo dos gestores de emergências é dividido em ações de curto prazo, que iniciam ainda durante a etapa da Resposta, e as ações em longo prazo que se estenderão até os sistemas impactados retornarem às atividades normais.
É lícito reiterar que a recuperação apresenta características únicas em cada localidade, dependendo da magnitude, tipo de danos e dos recursos que a comunidade possui.
Há muitas considerações a serem feitas em relação à recuperação em longo prazo que suscitam lições que justificam intensificar as medidas de mitigação e fortalecer a resistência.
GESTORES DE EMERGÊNCIAS
Ao pensarmos em quem poderia se interessar por ingressar nesta carreira inovadora e desafiante, colocamos como primeiros da lista aqueles que já atuam na gestão ambiental de diversos setores da indústria, como minerária, agropecuária, engenharia civil, óleo e gás, organizações de transporte e hospitalidade, e, nos mais amplos campos da Defesa.
EDUCAÇÃO, EDUCAÇÃO e EDUCAÇÃO = FORMAÇÃO
A educação é o caminho para alcançar o conhecimento e, o conhecimento precisa ser elevado ao nível de saber fazer bem, que significa a ação de aplicar a sabedoria na prática.
A formação de profissionais é uma arte, pois parte de uma necessidade específica da sociedade que precisa ser preenchida por uma pessoa que reúna as competências que ainda não existem. Mas existem indivíduos que buscam por carreiras inovadoras que servem ao bem de todos.
Um dilema é desenvolver as competências a partir das necessidades para qualificação.
Outro dilema é encontrar os indivíduos com os atributos para a qualificação de gestor.
O dilema atual é que na maioria das vezes os indivíduos não preenchem esses requisitos.
Em épocas passadas, outras profissões também não existiam e precisaram ser concebidas e formatadas em programas de educação para os quais tampouco existiam formadores. Um exemplo pode ser tomado da Informática que, no meado do século 20 com o advento dos computadores foi necessário adotar a técnica conhecida como “boot strap”, ou seja, os próprios alunos são os professores da graduação e orientadores nas pós-graduações e doutoramento.
Então, é impossível imaginar como deve ter sido viver sem a existência dos médicos e, como essa arte de curar se desenvolveu ao longo do tempo e ainda segue desenvolvendo.
Relativamente à gestão de emergências, atualmente, dentre os que ingressam nas atividades afins, poucos sabem a respeito e muitos pensam que sabem, mas não sabem.
A formação de gestores de emergências é uma emergência, pois é uma novidade dentre as novidades profissionais que estão sendo criadas e implementadas deste início de século.
A ORIGEM DAS PROFISSÕES
Os profissionais formados nas universidades, como advogados e engenheiros, por exemplo, receberam a legitimidade de suas carreiras por meio de processos desenvolvidos ao longo de anos e mesmo séculos, em alguns casos. No entanto, quando pensamos nos gestores de emergências, a questão que se apresenta é saber quem seriam eles?
Observando todas as categorias profissionais que hoje existem, concluímos que elas possuem diferentes especializações e áreas de conhecimento, mas dentre elas qual estaria com melhor conteúdo para formar a pessoa responsável por coordenar todas as ações em emergências e desastres?
Quem, idealmente, estaria habilitado a formar esse tipo de profissional especializado?
Por mais estranho que possa ser, embora tenhamos convivido com desastres através dos séculos, a função de gerir emergências, de fazer projeções acertadas, de planejar estrategicamente para coordenar de forma sistematizada as múltiplas agências que ingressam nos cenários, até hoje, essa atribuição não foi inserida nos cursos acadêmicos brasileiros, e nem mesmo reconhecida pelo seu inestimável valor.
Talvez seja por isso que as respostas são fragmentadas, os esforços individualizados, as organizações desorganizadas, e a qualidade dos padrões de procedimentos duvidosa. Todas essas questões revelam a essência das falhas que poderiam ter sido evitadas, principalmente aquelas falhas que sucedem a primeira falha.
Felizmente as coisas estão mudando.
Embora sejam poucas as pessoas que compreendem, menos ainda são as que têm alguma ideia ou proposta consistente para resolver a equação. A boa notícia é que há dentre as autoridades do Ministério da Defesa a compreensão de que o gestor de emergências é uma necessidade premente, embora as atribuições ainda não estejam bem-definidas no Brasil para alcançar a legitimidade global.
Mas todas as profissões que hoje estão aí, um dia tiveram que começar, não é verdade?
O JGE oferece a formação on-line em Gestão de Emergências e as ferramentas de controle.
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