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A NOVA GERAÇÃO #1

  • Foto do escritor: Randal Fonseca
    Randal Fonseca
  • 22 de nov. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 23 de nov. de 2023

DEDICADO À EDUCAÇÃO EM PRIMEIROS SOCORROS (EPS)


TRAJETÓRIA HISTÓRICA

Os leitores JGE que acompanharam a trajetória da RTI Editora, sabem que a equipe atuava desde 1996 no desenvolvimento de programas de primeiros socorros e condução segura, incluindo a formação de formadores. Também, devem estar cientes de que a partir de 2015 as atualizações dos programas de primeiros socorros com reconhecimento internacional perderam a prevalência e as atualizações quinquenais passara a ser em tempo real pela Internet. A RTI Editora, mantém seu compromisso, tanto com os instrutores RTI como com todos os socorristas egressos dos cursos ministrados antes de 2015, em seus diferentes níveis de especialização e objetivos. O JGE, neste Editorial (quarta geração) passa publicar uma série de referências históricas que explicam o porquê e como foram tomadas as decisões que levaram os primeiros socorros a deixarem de ser aquelas “ações dos bom-samaritanos” para, cientificamente, ingressarem nos diferentes contextos sociais dos países ao redor do mundo.


EVIDÊNCIAS EPS

As evidências EPS tiveram origem a partir dos estudos realizados por “grupos-tarefas” em contextos de países ocidentais durante o tempo de paz e/ou ambientes de saúde. Os resultados revelaram que o fardo do trauma recai sobre os países de média e baixa renda, onde os leigos podem ter que agir em contextos nos quais os recursos de primeiros socorros, de educação e saúde são limitados ou não-disponíveis. Esses estudos concentraram o foco nos princípios e nas práticas da Educação em Primeiros Socorros (EPS), versus aqueles consensos clínicos de intervenções com primeiros socorros que até então orientavam os procedimentos.

Aceitando que os procedimentos em primeiros socorros podem variar de acordo com o contexto, as investigações buscaram entender mais a respeito dos princípios educacionais de acordo com recursos e, para isso, dividiram os países em frágeis, estáveis e não-frágeis.


Os educadores de primeiros socorros de seis países foram entrevistados pelo Grupo Tarefa do ILCOR e tomados como base para os estudos.


Esses seis países tinham as características de “frágeis”, pois havia conflitos, geografia complexa ou recursos que os posicionavam como frágeis. Então, para explorar quais abordagens educacionais deveriam ser adotadas, os investigadores encontraram condições eficazes na educação de potenciais agentes leigos. Desta forma, ao empregar o método da análise qualitativa, identificaram abordagens e temas educacionais que incluíam a necessidade de adotar uma abordagem básica (desmedicalizada) e:


❖ Adaptar ao contexto;

❖ Identificar os tipos de lesões e males que socorristas enfrentariam;

❖ Engajar os alunos através de abordagens de aprendizagem ativas;

❖ Colocar o foco no pensamento crítico.


Os conjuntos semelhantes de abordagens educacionais nos contextos não-frágeis, eram as tradicionais “Diretrizes Internacionais de Primeiros Socorros e Ressuscitação” que vicejaram desde 1973 até 2016 como referência para as certificações reconhecidas. É lícito reiterar que as organizações (em geral norte-americanas) emitiam as certificações com “reconhecimento internacional” unicamente para os cursos de primeiros socorros criteriosamente ministrados segundo o Manual do Instrutor, vídeo-aulas e Livro do Aluno, atualizados a cada cinco anos.


Ao validarem as abordagens educacionais comuns, os educadores (instrutores) ministravam as aulas de primeiros socorros ao redor do planeta adotando essa mesma base comum para todos os alunos, independentemente de que cada socorrista egresso tivesse que desenvolver sua própria abordagem operacional para o público-alvo e recursos da sua localidade e, sem ter os meios para contribuir com recomendações futuras. Isso mudou. Agora a aplicabilidade global foca as diversidades culturais, os níveis educacionais e recursos disponíveis nas áreas. Esse padrão de estudos possibilitou indexar a pesquisa da EPS, em áreas frágeis e não-frágeis.


ESTADOS COM CONTEXTOS FRÁGEIS SIGNIFICA O MESMO QUE ESTADOS FRACOS


Estados frágeis são aqueles que não conseguem atender plenamente às necessidades-chave de seus cidadãos. As deficiências são denominadas lacunas, sendo as três principais (listadas abaixo) as que diferem o Estado Frágil de um Estado Falido:

A) Lacuna de segurança: o Estado não oferece proteção adequada aos seus cidadãos;

B) Lacuna de capacidade: o Estado não presta serviços básicos adequados;

C) Lacuna de legitimidade: a autoridade do Estado não é totalmente aceita.


Os governos dos Estados falidos não têm legitimidade. Pode ser difícil definir Estados fracos porque esses Estados não produzem estatísticas completas sobre crime, educação e recursos.


ESTADOS FRÁGEIS INCLUEM:

➢ Situações de conflito/pós-conflito/crise/guerra ou transição política.

➢ Deterioração dos ambientes de governança.

➢ Situações de melhoria gradual.

➢ Situações de prolongada crise política ou econômica, ou impasse.


UM ESTADO FRÁGIL:

➢ É significativamente suscetível à crise em um ou mais de seus subsetores.

➢ É particularmente vulnerável a choques internos e externos.

➢ É propenso a exposição de conflitos domésticos e internacionais.


ESTADOS FRÁGEIS NÃO SÃO APENAS AVALIADOS POR GRAU DE FRAGILIDADE


Há nos Estados frágeis diferenças nos tipos de fragilidades e das ameaças de falhar em ajudar os formuladores de políticas adequadas a respostas consistentes com os desafios.


Há Estados frágeis que promovem arranjos institucionais que incorporam e até preservam as condições de crise em termos econômicos (principalmente os direitos de propriedade) que reforçam a estagnação ou as baixas taxas de crescimento, ou abarcam a extrema desigualdade na riqueza, no acesso à propriedade, na posse da terra, no acesso a meios para ganhar a vida.


Há em Estados frágeis, em termos sociais, as instituições que abraçam a desigualdade extrema, a falta de acesso à saúde ou à educação.


Há em Estados frágeis, em termos políticos, as instituições que podem acolher coalizões excludente no poder (em termos étnicos, religiosos e até regionais).


Há em Estados frágeis, em termos de facções, instituições de segurança fragmentadas.

Há em Estados frágeis, em termos de arranjos estatutários, de segurança, de desenvolvimento ou bem-estar, vulnerabilidades a desafios perpetrados por sistemas institucionais rivais, autoridades com resquícios tradicionais constituídas por comunidades subjugadas por terem pouco do Estado, derivado de senhores da guerra ou oriundos de poder não-estatal.


Há em Estados Frágeis, em termos de multiplicidades de instituições, múltiplas fontes


Há em Estados frágeis, ao contrário de um Estado fraco, instituições que não estão em conflito direto, mas que apresentam narrativas concorrentes que dificultam a boa governança.


O oposto a um "Estado frágil" é um "Estado estável" – OU SEJA, aquele em que acordos institucionais dominantes ou estatutários permitem suportar choques internos e externos e de terem a contestação permanente dentro dos limites dos arranjos institucionais vigentes.


COM A EDUCAÇÃO CERTA ALGUNS PAÍSES ESTÃO A SOBREPUJAR SUAS FRAGILIDADES


LEIA NA PRÓXIMA NOVA GERAÇÃO

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