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A NATUREZA DA GESTÃO DE EMERGÊNCIAS

  • Foto do escritor: Randal Fonseca
    Randal Fonseca
  • 26 de nov.
  • 10 min de leitura

Sob vários pontos de vista essa disciplina da Sociologia tem sido explicada, mas é possível que você como leitor do JGE ainda gostaria de entender onde e como pode ser aplicada.

Vou iniciar explicando que a Ciência das Emergências, um ramo da Sociologia, conduz os mais recentes estudos sobre eventos socialmente perturbadores.
Vou iniciar explicando que a Ciência das Emergências, um ramo da Sociologia, conduz os mais recentes estudos sobre eventos socialmente perturbadores.

Mesmo que você não seja um profissional de administração e tem zero interação com a gestão de empresas da iniciativa privada ou agências governamentais, é possível que já tenha lido ou ouvido falar da Gestão de Emergências, mas é importante saber que poucas pessoas conseguem entender a essencialidade dessa disciplina inovadora.


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Você não precisa ser um cientista social para lidar com eventos indesejáveis, mas deveria.


Não importa se você tem formação em Economia, Administração de Empresas ou Engenharia de Processos, ou se você é um antropólogo ou filósofo. A minha intenção ao escrever artigos no JGE e compartilhar matérias de renomados autores estrangeiros, é atender ao anseio de profissionais que buscam estar na vanguarda da produção científica.


Especialistas estrangeiros discutem sobre a natureza da Gestão de Emergências, e aplicam.


Você pode unir esforços com quem entende os conceitos, e que se alinham aos princípios. Você pode formular perguntas e solucionar questões. Você pode fazer a diferença.


A gestão de emergências é a mais recente disciplina empregada na administração de empresas privadas e órgãos de governo, com objetivo de colocar “preço no futuro”.


Essa afirmação pode causar surpresa na maioria dos administradores; pode parecer algo inverossímil, mas há que reconhecer o fato de já estarmos a precificar a visão. Antes da década de 1970 o valor agregado era da “segurança”, mas pagar pelo “olhar” era até então algo inconcebível. Mas hoje as compensações ambientais estão diante dos olhos.

Remunerar o trabalho pelo tempo foi uma inovação após o término do escravismo.
Remunerar o trabalho pelo tempo foi uma inovação após o término do escravismo.

A remuneração em dinheiro não utilizava o relógio, pois era um adereço pelo qual o Estado cobrava imposto das pessoas que os portavam. O tempo tinha uma outra conotação.


NOVOS VALORES A CADA TEMPO

O termo emergência vem do Latim “emergere” e o significado pode ser considerado como um dos fenômenos mais desafiantes; uma das propriedades mais fascinantes e misteriosas, pois descreve a condição em que coisas pequenas se reúnem formando coisas maiores que emergem, saem do escuro e vêm à luz, à superfície, se tornam presente, observável e, com isso suscitando a interpretação quanto a forma, para que se obtenha a “informação.


Mas a nossa capacidade de abstrair considera que emergência que ainda não ocorreu tem potencial de ocorrer e impactar. Essa presunção de possibilidades e probabilidades é atualmente objeto de estudo e de ser quantificado sob a ótica de um valor em dinheiro.


Essa é a competência da Gestão de Emergências: projetar um futuro possível e calcular o custo das ações de controle, que demandarão conhecimento para interpretar e responder.


Para responder, é preciso planejar e ficar preparado para o inesperado, de acordo com os cálculos para determinar índices de probabilidades, numa Matriz de vulnerabilidades – que orientará as ações de mitigação, ou na preparação de recursos para responder a ameaças que não puderem ser eliminadas, acionando o Plano de Continuidade de Negócios.


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Tudo, inclusive nosso corpo, envolve algum nível de probabilidades e forças que interagem.


Para planejar uma possível resposta consistente com as ameaças candentes, é preciso investigar, pesquisar, experimentar para explicar os fundamentos de qualquer inovação.


A Gestão de Emergências quebra paradigmas dominantes, que nada têm em comum com tudo o que até então tem sido tomado como base de uma finalidade. Por essa razão, pode ser difícil para as pessoas que não estão diretamente envolvidas com questões futuristas entenderem a função social desta disciplina inusitada.


Assim, para quem quer avançar, o primeiro passo é esquecer qualquer relação da “emergência” como as ações de bombeiros ou de médicos etc., e preparar a mente para abraçar possibilidades, probabilidades e paradoxos.


No início isso pode ser desafiante, mas eu asseguro que vale a pena começar.


As ciências sociais são repletas de interferências externas, daí resulta a dificuldade de o investigador ser objetivo, abrindo possibilidades para o debate e controlar as variáveis.


A Gestão de Emergências é uma das disciplinas da Ciência das Emergências, que é um ramo das ciências sociais e humanas. Portanto os métodos de pesquisa são concomitantes.


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Ao fazer distinção entre os termos, “explicar e compreender”, os métodos de investigação assumem forma de abstração, ao se observar sob a lupa os fenômenos da sociedade.


A pesquisa em Gestão de Emergências foca o comportamento humano no âmbito dos fenômenos socialmente perturbadores, para explicar os padrões de diferentes culturas, com vista aos conhecimentos para continuamente aprimorar procedimentos.


Os métodos científicos empregados nas investigações para coletar e analisar dados podem utilizar registros históricos, entrevistas com jornalistas, professores, e comunidades.


O objetivo é perguntar "como e por que” aquelas pessoas reagem a impactos de uma ou outra forma. Também, o pesquisador precisa formular hipóteses e, com os dados levantados, se debruçar sobre as informações para interpretar, propor soluções e resultados.


PESQUISAS EM CIÊNCIAS SOCIAIS

A Gestão de Emergências, como um disciplina apoiada pelas ciências sociais, precisa estar sendo continuamente alinhada às variáveis culturais de cada localidade. Ou seja, o termo gestão traz a conotação de ser um processo dinâmico, que inclui organizar, direcionar e controlar recursos para atingir objetivos específicos de forma eficiente e eficaz.


Esse processo é aplicado em diversas áreas, desde o mundo corporativo até a vida pessoal. No entanto, a Gestão de Emergências envolve desenvolver estratégias para lidar com eventos planejados e não planejados, e praticar táticas para alcançar metas impostas por acontecimentos que não aconteceram - e estimar os custos do que poderá acontecer.  


Os cientistas sociais precisam aderir aos esforços e explicar, como os humanos e suas instituições interagem e lidam com perigos, riscos e vulnerabilidades a eventos impactantes por meio das atividades de "mitigação, preparação, resposta, recuperação e ... mitigação”.


A seguir, para facilitar as iniciativas de estudos e pesquisas, listei um resumo dos métodos.


MÉTODOS DE ABORDAGEM

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Método indutivo – cuja aproximação dos fenômenos caminha para planos mais abrangentes, indo das constatações particulares às leis e teorias, caracterizando uma conexão ascendente.


Método dedutivo – partindo das teorias e leis, na maioria predizendo a ocorrência dos fenômenos particulares, caracterizando uma conexão descendente.


Método hipotético-dedutivo – iniciando pela percepção de um hiato nos conhecimentos, acerca do qual são formuladas hipóteses e pelo processo de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese.


Método dialético – que se insere no mundo dos fenômenos naturais e sociais por meio da ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno, e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.


MÉTODOS DE PROCEDIMENTOS 

São as etapas mais restritas em termos de explicação e menos abstratas na relação com os fenômenos. É possível referir como técnicas que dão origem aos métodos mais abrangente. Ou seja, pressupõem a atitude em relação ao fenômeno limitado a um domínio particular.


Método histórico

Franz Boas, parte das formas de vida social, as instituições e os costumes que têm origem no passado, por isso é importante conhecer para compreender sua natureza e função. 


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O método histórico, mesmo que artificialmente, permite preencher os hiatos, reconstruindo os fatos para entender melhor o entrelaçamento dos fenômenos socioculturais.


O método é histórico quando se investiga processos vivenciados para verificar a sua influência no comportamento atual, pois as instituições que respondem aos fenômenos chegaram a ser como são e agirem como agem, influenciadas pelo contexto cultural da época.


Por exemplo, ao estudar os grupamentos de resposta a emergências de um conjunto de empresas privadas instaladas em uma localidade, sem recursos governamentais, fica mais fácil compreender a gênese do desenvolvimento das competências individuais e suas sucessivas alterações e, a partir deste contexto, comparar com organizações de fins lucrativos que operam em contextos em que a população contava com serviços de bombeiros e SAMU.


Método comparativo

Tylor, Edward Burnett, disse que todas as sociedades passavam por três estágios básicos de desenvolvimento: da selvageria, da barbárie à civilização, quando tinha acesso aos estudos.


Então, considerando que o estudo das semelhanças e diferenças entre diversos tipos de grupos sociais, contribui para obter a compreensão do comportamento diante de ameaças, o método comparativo verifica as similitudes e explica as divergências.


Por exemplo, para entender a função da gestão de emergências em localidades com níveis diferenciados nas taxas de escolarização.


Método monográfico

Le Play, Pierre-Guillaume-Frédéric, estudou famílias operárias, partindo do princípio de que qualquer caso que se estude em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros, ou até de todos os casos semelhantes.


O método monográfico de Le Play consiste no estudo de indivíduos, profissões, instituições, ou comunidades, para obter generalizações.


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O estudo monográfico, em vez de se concentrar em um único aspecto, pode abranger o conjunto das atividades. A vantagem consiste em respeitar a “totalidade solidária” dos grupos ao estudar a sua unidade concreta, evitando dissociar de seus elementos.


Método estatístico

Quetelet, Lambert Adolphe Jacques, utilizou os processos estatísticos para examinar conjuntos simples e complexos, e constatar as relações entre si. O método estatístico significa reduzir fenômenos ambientais e sociológicos a termos quantitativos.


Com a manipulação estatística o método comprova as relações dos comportamentos, generalizando a natureza das ocorrências ou dos seus significados sobre um grupo social atingido por impacto natural ou antropogênico.


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O método estatístico descreve um grupo social considerando como um todo organizado.


Por exemplo: define e delimita as características e mede a importância ou a variação. Mas a estatística vai além de ser um meio racional para descrever fenômenos, pois é um método de experimentação, ou seja, é um método de análise.


Método tipológico

Max Weber apresentou o método comparativo de fenômenos sociais complexos.


Nesse âmbito, o investigador ao pesquisar sobre a gestão de emergências precisa criar tipos ou modelos ideais, construídos a partir da análise de fenômeno perturbadores, sejam eles de causas naturais ou antropogênicas. O aspecto principal é não existir na realidade, mas servir de modelo para a análise de casos concretos.


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Weber, através da classificação e comparação dos tipos de cidades, determinou as características de cada localidade; da mesma maneira, pesquisou as diferentes formas de preparação, partindo do exame dos tipos de organização para chegar ao tipo ideal.


O tipo ideal não expressa a realidade, mas apenas seus aspectos significativos, as características mais gerais, aquelas que se encontram regularmente no fenômeno estudado.


O tipo ideal diferencia do conceito, porque não se contenta com a realidade, mas a enriquece. O papel do cientista social ao investigar o âmbito da Gestão de Emergências consiste em ampliar as qualidades e ressaltar o fenômeno que está a analisar.


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Para Weber, a vocação do cientista social é separar os juízos das realidades: o que é; o que deve ser, e a análise científica, perseguindo o conhecimento por meio do conhecimento.


Método funcionalista

Malinowski, Bronisław  traz o método da interpretação em vez de investigação. Ele considera que a sociedade é formada por partes diferenciadas, interrelacionadas e interdependentes, cada uma satisfazendo funções essenciais da vida social.


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As partes são mais bem-entendidas quando as funções são examinadas no todo.


O método funcionalista estuda a sociedade do ponto de vista da função de suas unidades, isto é, como um sistema organizado de atividades.


O método funcionalista considera, de um lado, a sociedade como uma estrutura complexa de grupos ou indivíduos reunidos em ações e reações sociais; de outro, como um sistema de instituições correlacionadas entre si, agindo e reagindo umas em relação às outras. 


Por exemplo: a análise das diferenciações de funções que devem existir em um pequeno grupo isolado, para que ele sobreviva a impactos de quaisquer naturezas e magnitudes.


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Qualquer que seja o enfoque, fica claro que o conceito de sociedade/comunidade é visto como um todo em funcionamento, e o papel das partes nesse todo é compreendido como funções no complexo voltado a estruturação e organização.


  • Spencer, na sua analogia da sociedade sugere ser um organismo biológico.


  • Durkheim, sugere que uma instituição assume a correspondência entre ela e as necessidades do organismo social.


  • Malinowski afirma que a integração funcional de toda comunidade, suas organizações e famílias tem uma função, onde cada parte é um componente específico no todo.


  • Merton critica o papel das normas e crenças para o funcionamento da sociedade, ele dá origem ao conceito de “funções manifestas” e “funções latentes”.


Funções manifestas têm finalidades pretendidas e esperadas, como a função da família que é ordenar as relações sexuais, atender à reprodução, satisfazer as necessidades econômicas de seus membros, sob a forma de socialização e transmissão de status.


Funções latentes são as que resultam de consequências não pretendidas, não esperadas, como nas organizações sociais que, ao realizarem suas funções manifestas, muitas vezes obtêm consequências não reconhecidas, como o aumento da inveja em relação ao sucesso de indivíduos que ao estudarem em uma mesma escola obtém melhor grau de aprendizado.

 

Método estruturalista

Lévi-Strauss desenvolveu o método que parte da investigação de um fenômeno concreto, e a seguir se eleva ao nível do abstrato, por intermédio da constituição de um modelo que represente o objeto de estudo retomando, por fim ao concreto, dessa vez como uma realidade estruturada e relacionada com a experiência do sujeito social. l.


O método estruturalista considera que uma linguagem abstrata deve ser indispensável para assegurar a possibilidade de comparar experiências à primeira vista irredutíveis que, se assim permanecessem nada poderiam ensinar; ou seja, não poderia ser estudada. 


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O método estruturalista caminha do concreto para o abstrato e vice-versa, dispondo na segunda etapa de um modelo para analisar a realidade variável dos diversos fenômenos


Por exemplo: o estudo das relações sociais e a posição que determinam para os indivíduos, a fim de construir um modelo a retratar a estrutura social onde ocorrem as relações. 


Ao utilizar o método estruturalista, não se analisa mais os elementos em si, mas as relações que entre eles ocorrem, pois somente estas são constantes, ao passo que os elementos podem variar, pois não existem fatos isolados passíveis de conhecimento, pois a verdadeira significação resulta da relação entre eles.


A diferença primordial entre os métodos tipológico (de Weber) e estruturalista é que o “tipo ideal” do primeiro não existe na realidade, servindo apenas para estudá-lo, e o “modelo” do segundo é a única representação da realidade.


Diferentemente dos métodos de abordagem, o método de procedimento é utilizado em conjunto com a finalidade de se obter vários enfoques do objeto de estudo.


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Por exemplo: o uso concomitante dos diversos métodos para analisar o papel que as brigadas industriais desempenham na sociedade, possibilitando pesquisar a origem, o desenvolvimento e a forma específica em que aparecem nas diferentes organizações.


QUADRO DE REFERÊNCIA

A questão da metodologia é importante quando se analisa o quadro de referência utilizado. Isso pode ser compreendido como a totalidade de uma teoria e a metodologia dessa teoria.


Teoria, aqui, é considerada toda generalização relativa a fenômenos físicos ou sociais, com o rigor científico necessário para que possa servir de base segura à interpretação da realidade.


Metodologia, por sua vez, engloba abordagem, procedimento e técnicas. A teoria do materialismo histórico, o Método Dialético e de procedimento, histórico e comparativo, em associação com técnicas de coleta de dados, formam o quadro de referência


Por exemplo: a teoria de Darwin, ou seja, o método de abordagem indutivo, o método de procedimento comparativo e as técnicas, formam o quadro de referência evolucionista.

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CIÊNCIAS QUE DÃO SUPORTE À GESTÃO DE EMERGÊNCIAS

  • Administração

  • Antropologia

  • Antropologia cultural

  • Antropologia física

  • Antropologia visual

  • Arqueologia

  • Artes‎

  • CIÊNCIA DAS EMERGÊNCIAS

  • Ciência política

  • Ciências contábeis

  • Comunicação

  • Contabilidade

  • Culturalismo

  • Economia

  • Educação

  • Estatística

  • Filosofia‎

  • Filosofia social

  • Fonética

  • Fonologia

  • Geografia humana

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  • Literatura‎

  • Marketing

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  • Pedagogia

  • Relações internacionais

  • Semântica

  • Sintaxe

  • Sociologia

  • Trabalho social


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