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SUSTENTÁVEL & SUSTENTABILIDADE

Definições que precisam ser bem-conhecidas, mas que ficam bem-escondidas.


CONCEITOS E PRINCÍPIOS

A palavra “sustentável” têm origem no latim “sustentare” e aparece no dicionário como um conceito de sustentar, apoiar, conservar, cuidar, defender, favorecer.


A palavra “sustentabilidade” também do latim “sustentare”, aparece no dicionário como um princípio de habilidade ou capacidade de suportar uma ou mais condições durante um período, prazo ou processo de permanência de um sistema com uma característica.


O JGE chama atenção sobre a diferença substancial que há entre os significados dos dois termos, pois um deles carrega em si um processo consignado ao prazo de permanência.


VISÕES SE TRANSFORMAM EM EXPRESSÕES

Em 1972, foi realizada em Estocolmo, Suécia, a United Nations Conference on the Human Environment. No contexto, pela primeira vez, foi concebido o princípio de sustentabilidade e incluído no relatório “Nosso Futuro Comum”, apresentado pela norueguesa Gro Brundtland.


No sentido visionário, a expressão “sustentabilidade” foi adota para mostrar que os recursos naturais estavam sendo muito mais explorados nos países que acumulavam riquezas e as convertiam em bens de consumo com as suas tecnologias. Assim se todos os demais países fizessem o mesmo, a exploração comprometeria a vida de todos e não apenas das futuras gerações.


A visão foi grafada como expressão da continuidade humana relativamente a economia.

Economia define captação, manipulação, distribuição e utilização de bens úteis e escassos.


MAIS HISTÓRICOS DAS VISÕES E EXPRESSÕES

Em 1968, os astronautas da Apollo 8, Frank Borman, Jim Lovell e Bill Anders, se tornaram os primeiros humanos a orbitarem a Lua e os primeiros a testemunharem a magnífica visão que logo depois foi expressada como "Earthrise" (Dia da Terra).

Em 1972, em Estocolmo, foi grafado pela primeira vez o vocábulo “meio ambiente” em decorrência da mudança de paradigma do Dia da Terra. Até então, os termos “ambiente” e “meio”, descreviam um local que as pessoas frequentassem. Mas o inovador “Meio Ambiente” excluiu os humanos dos contextos naturais, deixando as demais criaturas não como uma parte do mundo natural, mas como o próprio “meio-ambiente”.


A partir desta conceituação paradigmática foram criadas áreas de preservação ambiental sob diferentes designações, de acordo com os “ambientalistas” que passaram a ter o direito de decidir quais riquezas naturais podem ser utilizadas na economia dos países ricos, e em quais medidas a natureza pode ser apropriada à economia dos emergentes.

E, há ambientes em que a presença humana é proibida, a menos que seja ambientalista.


OS PAÍSES RICOS E OS EMERGENTES

A riqueza dos estados-nação industrializados foi acumulada como capital primário a partir das tecnologias empregadas para extrair e se apropriar dos recursos naturais. Mas, atualmente o acesso às tecnologias para a extração dos recursos não-renováveis estão disponíveis a todos e, se todos exaurirem as suas reservas na mesma proporção dos que já capitalizaram, comprometerá a vida de todos, tanto agora como no futuro. Com isso, ficou evidente se chegar a um consenso sobre a apropriação dos recursos não-renováveis.


O objetivo é que as atividades produtivas dos emergentes, possam no presente, satisfazer suas necessidades econômicas e sociais sem ameaçar a vida das futuras gerações.


A BUSCA PELO CONSENSO

Na Conferência de 1972, o consenso a que chegaram os debatedores, foi de os países ricos repassarem aos “em desenvolvimento” uma quantia na ordem de $100.000.000 dólares anuais, desde que os signatários cumprissem metas de preservação ambiental. Esse acordo socioeconômico foi denominado como sustentabilidade. Por outro lado, foi grafada também a expressão “desenvolvimento sustentável” para descrever as atividades produtivas de manipulação ambiental compatíveis com o equilíbrio ecológico.


A SUSTENTABILIDADE DEPOIS DE 20 ANOS

Após 20 anos da Conferência de Estocolmo, os países desenvolvidos ainda não haviam repassado aos emergentes os créditos da pressuposta "sustentabilidade" compensatória. 


Diante do descumprimento do princípio da sustentabilidade e, de uma miríade de outros temas candentes, foi realizada uma nova rodada de negócios e, os líderes voltaram a reunir no Fórum Global ECO-92 (Rio-92). Há que lembrar ter o movimento ecológico tomado um impulso significativo no interlúdio dessas duas décadas e, que por causa da inadimplência dos desenvolvidos, os emergentes estavam então a avançar sobre seus recursos naturais.


PARÂMETROS DA PRESERVAÇÃO

A questão da proteção ambiental nem sempre possuiu os parâmetros de preservação os quais conhecemos atualmente. Até o início da década de 1970, o pensamento global era de que a natureza seria uma fonte inesgotável de recursos e, que as reservas planetárias seriam infinitas. Mas, foi o “consumo” generalizado que mostrou ter ânsias infinitas.


O relatório “Limites do Crescimento”, havia sido publicado pelo Clube de Roma em 1966 e já naquela década se debatia a política econômica ambiental e o conceito consistente de desenvolvimento sustentável, como solução para preservar as reservas naturais.


Nada era desconhecido, mas tudo foi subestimado.


O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Ao longo da última década do século 20, aquele princípio “sustentabilidade”, ou seja, o repasse financeiro para equilibrar a economia entre os países ricos e os emergentes perdeu o significado, e o termo entrou para senso comum como conceito “politicamente correto”.


Sugerimos ao leitor JGE que se precisar aferir o emprego adequado de "sustentabilidade", substitua na frase por “desenvolvimento sustentável”; ou “equilíbrio ecológico” se servir como sinônimo, então nada tem a ver com o sentido original de 1972 atribuído a palavra.

O vocábulo “desenvolvimento sustentável” por seu turno, descreve o critério de baixo impacto das atividades com recursos renováveis, compatíveis com as melhores práticas.


A HOSPITALIDADE AMBIENTAL E CULTURAL

Os voos intercontinentais de alto rendimento, a partir da década de 1970, impulsionaram mundialmente o turismo ecológico e cultural como atividade socioeconômica de baixo impacto, compatível portanto, com a doutrina dominante de desenvolvimento sustentável.

A indústria da hospitalidade passou a incluir não apenas a hotelaria, mas principalmente a de visitação à natureza e convívio direto com populações tradicionais. Embora o turismo cultural e ambiental possa parecer uma atividade inocente, não é. É um perigo. Por isso a Gestão de Emergências reitera ser preciso analisar os riscos e vulnerabilidades iminentes.  


Os artigos JGE: “(DES)PREPARAÇÃO PÚBLICA e EDUCAÇÃO EM GESTÃO DE EMERGÊNCIAS” têm conexão analítica com este presente artigo. Acesse e confira.


TUDO (SEM PREPARAÇÃO) TEM CONSEQUÊNCIAS

Em 2018, o governo tailandês fechou uma das suas praias mais famosas, Maya Bay, durante três anos, depois de constatar que cerca de 5.000 turistas por dia pisoteavam os corais, ameaçando destruir a maior parte deles e a própria natureza que os atraíam. Com essa decisão governamental as operadoras locais de turismo encerraram seus negócios.

Cientistas na Tailândia criam corais em laboratório para restaurar recifes.


A NOVA FORMA DE SUSENTABILIDADE

As atividades sustentáveis são por definição aquelas que utilizam os recursos naturais em harmonia com o equilíbrio ecológico, ou seja, em favor da economia de uma localidade ou país com vista a preservar os recursos agora, e para a vida das futuras gerações.


As atividades de sustentabilidade, sob ótica atual, têm a mesma finalidade precípua de preservar a natureza em benefício da economia de hoje e das futuras gerações.


Fica evidente que ambas as palavras estão a expressar o mesmo objetivo, no entanto, o desafio que se apresenta para os empreendedores é saber como fazer para preservar.


A tendência dos empreendimentos, sejam locais ou nacionais, é aumentar os resultados econômico-financeiros. É neste aspecto que ocorrem os desequilíbrios ecológicos quando o produto à venda, sem a preparação, são os recursos naturais e as populações tradicionais.  

Com a liderança certa, as organizações hoteleiras podem adotar estratégias empresariais sustentáveis. Também, os líderes empresariais anuentes aos princípios da sustentabilidade podem melhorar a eficiência e atrair um número crescente de clientes que procuram produtos e serviços sob a égide das responsabilidades socioambientais.


O entrave está em onde buscar e obter as competências e habilidades para racionalizar a pungência econômica enquanto preserva o recurso natural sendo utilizado em sua forma original. Embora os cursos acadêmicos e livres ofereçam essas qualificações, os contextos ecológicos e governamentais são muito diferentes, e isso torna o objetivo das ementas incompatíveis com a proposta de encontrar todas as soluções em uma só formação.


Por mais diversas que sejam as metodologias e conteúdos de ensino, para coadunarem com as peculiaridades dos destinos em que todos partilham de um aspecto comum: todos estão sendo impactados pela despreparação para empreender e harmonizar o contato dos chegantes com as populações e ambientes naturais.


Ou seja, o turismo não é uma atividade livre de problemas estruturais; o próprio turismo é por si uma ameaça conjuntural. Então, há que preparar os viajantes nas suas origens. É isso.


Mas, há também que preparar a hospitalidade e os destinos. E isso tem solução.

Leia no JGE: HOSPITALIDADE SUSTENTÁVEL


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