PENSAR O IMPENSADO*
- Jornal da Gestão de Emergências
- 2 de fev. de 2024
- 3 min de leitura

Pensar o futuro é tanger o limite das incertezas, ou seja, onde pensamos sobre o impensado.
Os estudos da Ciência das Emergências estão direcionados àqueles eventos indesejáveis com potencial de subjugar a vida, causar danos ambientais, perdas patrimoniais e interromper os meios de produção. Na prática, esta ciência inovadora disponibiliza as investigações para que a disciplina Gestão de Emergências, no âmbito da cultura, faça o trabalho dela, ou seja racionalize, pondere e imagine que desafios, com quais naturezas e tipos eles poderão advir.
O método lógico da gestão foi dividir o pensamento “futurologista” em etapas que incluem, a preparação, a resposta, a recuperação de desastres e a mitigação de riscos.
A quem compete refletir sobre tudo isso?
Essa é uma questão crítica, pois esse pensamento nos traz mais perguntas do que respostas, uma vez que as pessoas que se predispõem a desempenhar essa função reconhecem que precisam fazer a diferença e, quando assumem as atribuições modificam o futuro, salvando vidas, propriedades, ambiente e meios de produção. Esses profissionais são comprometidos e envolvidos em alcançar os benefícios por meios das quatro etapas gerenciais. Eles precisam se envolver e conhecer a fundo suas atividades, tanto no dia a dia a fazer projeções, como durante as excepcionalidades socioeconômicas e, ao lidar com a resposta e a recuperação dos desastres. Então, compete ao gestor de emergências desenvolver a capacidade de antever, de prever, de ter visões antecipadas e abrangentes, dos desafios conhecidos ou desconhecidos, decorrentes tanto de causas naturais como antropogênicas.
Já há algum tempo os impactos causados pelas ações humanas têm estado no radar da Segurança, porém as soluções pensadas neste contexto podem não ter sido implementadas por gestores birrentos que não pensam sobre o impensado e não agem até o impacto atingir.

Pense a respeito: esses gestores recalcitrantes ainda são maioria.
Para a Gestão de Emergências não é necessário existir “falha da segurança” para que ocorram perturbações na ordem social. Como disciplina inovadora, a gestão de emergências propõe a descentralização do sentido da autoridade dentro de uma ordem social dedicada ao futuro, pois reconhece que pessoas sem treino são imponderáveis e, quando elas ficam expostas aos efeitos dos impactos, respondem por instinto com falhas que sucedem a primeira falha.
Há necessidade de se planejar antes, muito antes, e praticar sempre a preparação.
VAMOS PENSAR SOBRE EXEMPLOS
Os efeitos da falha da barragem de rejeitos da mineradora causaram danos em cascata que estão a perdurar quase a uma década, incluindo o impacto sobre a imagem da indústria minerária como um todo em âmbito mundial. No universo das comunicações ultra interligadas, as notícias e imagens viajam numa velocidade difícil descrever ou prever. Informações chegam a todos os lares antes mesmo de que as autoridades tenham sequer sido capazes de se posicionar a respeito. As exposições dos danos com imagens de arrepiar e sofrimentos descritos em textos enciclopédicos, provocam comoções que, em tempo real, contagiam, com pouca ou nenhuma restrição. E ficam lá para sempre, no siberspace.
Pensando sobre as lições aprendidas
Os Estados Unidos aprenderam a lição e logo modificaram a forma como o sistema de telefonia de emergências (911) passou a operar após os ataques às Torres Gêmeas. A revisão nas telecomunicações foi primeiro passo que incluiu o cruzamento de dados em tempo real.Também o evento do 11 de setembro modificou a tradicional rigidez na hierarquia de comando que retardou as decisões que poderiam ter interrompido a sequência de ataques.
Pensando sobre a sociedade do espetáculo
As imagens do “espetáculo” protagonizado pela ruptura da barragem de mineração em 2015, e no mesmo dia os ataques ao Bataclan, em Paris, apenas para citar dois exemplos, expuseram diferentes formas de sofrimentos que tendem a se tornar crônicos, uma vez que a inépcia das autoridades e lideranças empresariais nada consideram em planejar para não serem de forma contumaz os protagonistas dos Reality-Shows gratuitos que a mídia usa para entretenimento.
PENSE UM POUCO MAIS
Pense sobre emergências e desastres, pois isso é o mesmo que dizer estarmos a refletir sobre os elementos futuros que, com argúcia, podemos interpretar suas naturezas imperiosas e perversa e, com isso, possamos planejar os meios para lidar com os efeitos perturbadores.

Pensar sobre o impensado contribui com a Ciência das Emergências: ao estudar o futuro.
É com base nas projeções de perdas que se deve preparar para resistir a impactos e recuperar dos danos, objetivando retornar ao estado original: o que se define como nível de resiliência. Chamamos de “recursos” ao conjunto de competências, equipamentos, materiais e habilidades. Então, ao se pensar o tipo de preparação dos recursos, estaremos a reexaminar a natureza dos eventos e, com isso, responder as questões: será que é possível? Quais treinos? Quais os custos? Quais métodos? Quem participará? Quando? Onde? Como? (...)

Ao se pensar a recuperação: o plano tem seu início no futuro, e vem até chegar a hoje.
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