IMPACTO NA MOTIVAÇÃO DOS GESTORES *
- Jornal da Gestão de Emergências
- 2 de fev. de 2024
- 4 min de leitura
A experiência demonstra que o técnico de segurança tem que estar alinhado e pertencer ao grupo dos trabalhadores que ele supervisiona – e, os polícias no trânsito, da mesma forma, precisam ser reconhecidos como bem feitores das vias e rodovias. Esses guardiões não devem estar posicionados como algozes. Os elementos adotados para sensibilizar todos a adotarem conduta segura precisam ser interessantes, agradáveis, estimulantes, gratificantes.
É importante inovar para ir além das mesmices.
Em um programa experimental foi a inovação tecnológica que auxiliou reduzir em até 63% os índices de incidentes de trabalho em uma organização com nível 4 de risco. Essa não foi uma tarefa fácil, porque a maioria dos gestores pragmáticos acreditam não precisar de inovar para mudar os resultados, e com essa premissa “insistem em aplicar o mesmo método para obter resultados diferentes.” Os gestores que aderem a modificações sistêmicas, mudam a curva dos índices de incidentes para bem menos que que é exigido pela legislação. Esses gestores promovem o otimismo e elevam a autoestima, iniciando uma reação positiva em cadeia.
Os efeitos virtuosos vão para além da empresa e são absorvidos pela família e comunidade.

No local de trabalho ou no trânsito as pessoas reconhecem quando os responsáveis pela supervisão têm o objetivo verdadeiro de garantir o melhor para protegê-las.
Na empresa isso permite atrair profissionais que valorizam a segurança; no trânsito, isso possibilita reduzir as infrações. Os empregados se sentem gratificados ao trabalhar em ambiente agradável, onde impera a atitude segura. Da mesma forma nas vias e rodovias. Infelizmente, muitos gestores parecem não se incomodar com o mau humor pois acreditam que a função deles tem na raiz esse tipo de ônus. Preferem ser temidos em vez de admirados e reiteram ser isso algo inerente ao cargo. Não é verdade. Esse é outro fator cultural que confronta e contamina. Uma visão que cobra um preço alto. Ser admirado e respeitado é infinitamente mais gratificante do que ser temido ou odiado e isso pode ser mensurado com a queda nos índices de sinistralidade e aumento na produtividade e satisfação de todos.
Ninguém consegue obter bons resultados a partir da subserviência. No mínimo, o ambiente de trabalho servil ficará dividido entre dois grupos (ou mais) e a disputa sempre produz facções e perdas, mesmo para os que pressupõem estar a ganhar. Não estão. É preciso saber aferir o resultado das ações para verificar quais efetivamente são positivas para todos.
A tarefa mais difícil é mudar mentalidades.
Quando isso é alcançado, se torna, no mínimo incomum – mas possível e desejável. Mudança traz gratificação e quando ocorre, a maior satisfação é receber dos trabalhadores um sorriso, um aperto de mão forte e até mesmo um abraço. Ou seja, é a comunicação eloquente, sem necessidade de palavras a dizer que se chegou à vitória com “fair-play”. É aí que se percebe a diferença, e que nota que essa mudança se reverteu em vidas, às vezes em centenas de vidas. Isso é importante para a empresa e para a família.
PENSE A RESPEITO: OS GESTOS FAZEM A DIFERENÇA
Uma pessoa conta uma história para um grupo de trabalhadores na segunda-feira pela manhã e recebe uma salva de palmas. Mas depois, todas as segundas-feiras, a pessoa retorna e conta sempre a mesma história, porém adicionando gestos bruscos, socos na mesa, termos pouco louváveis, com um comportamento estúpido – mas a história é a mesma.

Pode-se presumir que a salva de palmas – se houver – já não será espontânea e a audiência, muito provavelmente, deve estar compelida a não ter que assistir aquela chanchada na próxima segunda-feira. A forma de evitar essa reação pode ser empregando alguma criatividade ao contexto em vez de rispidez e grosseria. Qual elemento criativo pode ser adotado para acabar com a repetição gestual crescentemente grotesca? Poderia ser alternando a pessoa que conta a história? Ou seja, o grupo quer melhorar e quer fazer algo diferente para chegar ao mesmo objetivo proposto pela história de toda segunda-feira. Colocar alguém a substituir o contador de história será uma tarefa complicada, pois poderá ferir a susceptibilidade da pessoa “bem-intencionada” que acredita estar sendo útil para todos ao contar a história. Incluir algumas piadas em vez de ficar na retórica já seria uma mudança, mas piadas podem ter efeito contrário. Portanto, saber inovar e trazer elementos que gratifiquem, ficando longe do risco de ser um fiasco e, ao mesmo tempo passando a mensagem para sensibilizar o grupo a adotar condutas seguras é a arte que o setor dedicado a gestão de pessoas vem fazendo há mais de um século. VER: A breve história do RH.

A missão do JGE é ajudar os profissionais que não estejam conseguindo fazer a diferença. Pode ser um sorriso ao cumprimentar, ou tocar gentilmente no ombro
Qual elemento o grupo pode pensar com criatividade para acabar com a repetição grotesca?
Os profissionais especializados em suas funções podem não saber como adicionar novas histórias ao repertório que já está gasto (ou grotesco), mas podem entender a importância de renovar as formas de comunicar para inspirar pessoas com suas palavras ações e gestos.
JGE: COMUNICAÇÃO COMO DEVE SER
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