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EXPROPRIAÇÃO INTELECTUAL *

  • Foto do escritor: Jornal da Gestão de Emergências
    Jornal da Gestão de Emergências
  • 2 de fev. de 2024
  • 4 min de leitura

Considerando os objetivos editoriais JGE, "COMUNICAÇÃO COMO DEVE SER” e, refletindo sobre os aspectos pertinentes à Gestão de Emergências, como disciplina da Ciência das Emergências, com a proposta de garantir a qualidade da formação dos profissionais que desempenham suas funções no âmbito da Ciência das Emergências, um ramo da Sociologia, fica aqui um alerta sobre a gravidade dos textos plagiados.

O plágio é uma prática perniciosa, pois perverte a distinção e a colocação profissional.


“O termo "plágio" vem do Latim "plagiarius", um abdutor de "plagiare", ou seja, "roubar". (“ENTRE O PLÁGIO E A AUTORIA: QUAL O PAPEL DA UNIVERSIDADE ... - ANPEd”).

Ao se considerar a antiguidade do termo, percebemos que o plágio existe muito antes da Internet e que se configura ao longo dos séculos como apropriação ou expropriação de direitos intelectuais. Assim, para o JGE, a expropriação do texto de outro autor e a apresentação de textos plagiados, como sendo de cunho próprio, infringe a Lei 9.610/1998 de Direitos Autorais. O plágio é violação intelectual grave e fere não só a lei, mas agride a ética e ofende a moral.


A disponibilidade de textos através da Internet, facilitou plagiar autorias, e essa prática nefasta vem se expandindo de forma jamais experimentada. É lícito reiterar que estudos científicos resultam de um processo acumulativo. Os autores ao produzirem textos contribuem com o desenvolvimento do conhecimento ao fazerem as citações criteriosas e consistentes das fontes bibliográficas que consultaram e fizeram uso em seus trabalhos. Portanto, os créditos e referências à fonte representam um peso considerável que agrega valor à qualidade final da obra, mas ficará caracterizado que houve expropriação se as fontes forem omitidas, uma vez que essa prática conduz a uma falsa autoria e, consequentemente, à perda da integridade. Quando uma obra de origem plagiada é utilizada algures para embasar conceitos, os trechos inadvertidamente plagiados são então citados nas novas obras, provocando com isso um processo similar ao de uma epidemia que contagia toda a produção científica "contaminando", doravante todos os trabalhos literários fundamentados naquelas falsas origens e, prejudicando tudo que dali em diante se origine, ao longo de percursos inimagináveis.


É importante frisar que o plágio não se dá somente nos textos, mas também quando há apropriação de dados e notas. O plágio ocorre sempre que forem desrespeitados os critérios normativos de referências (ABNT-NBR 6023). Plagiar reflete uma franca decisão em desmerecer a contribuição literária dos outros e, em determinadas circunstâncias, essas ações criminais retirarão oportunidades profissionais de quem verdadeiramente as merece.

O caminho para se reverter este processo criminoso passa por diversos aspectos, e um deles tem início na educação escolar. É lá, na sala de aula que se aprende. É lá, com exemplos e posturas éticas que são construídas as condutas morais e legais. O plágio é aprendido na formação do indivíduo e, deve ser neste ambiente que as orientações a respeito precisam ser enfatizadas. Se o plágio for tratado como algo inocente, o aprendizado distorcido influenciará em efeito cascata; muito provavelmente chegando até a atividade profissional. Quando o plágio é praticado naquela “colinha sem gravidade”, para se obter notas escolares, poderá chegar até a formação dos gestores de emergências, o que representará imenso potencial de causa desastres que podem atingir não só os autores, mas todo um setor da sociedade.


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AS RAÍZES CULTURAIS


Embora, culturalmente o plágio exista em todos os países, no Brasil o plágio encontra terreno muito fértil quando associado aos modismos de descumprir determinadas leis – algo no estilo muito peculiar brasileiro de se justificar - "essa lei não pegou" –, que é uma irreverência "charmosa" da qual alguns chegam a se orgulhar, ao invés de se envergonhar.


As instituições de ensino e os professores ao conviverem com o plágio contribuirão para que outras ações pouco ortodoxas, em relação ao significado do direito intelectual e da produção científica, e com isso, levando a crer que não nada há de errado em descumprir leis ou até mesmo a Constituição. E, infelizmente, é o que tem acontecido, pois a maneira como o assunto é tratado faz prevalecer o jeitinho brasileiro de lidar com aquilo que não se brinca.


Flertar com a perversidade do plágio é cooptar com sua disseminação.


O plágio somente é percebido e avaliado quanto a gravidade de impacto por quem perde. É impossível fazer uma projeção da devastadora depressão e sequestro emocional ao qual o autor plagiado é submetido, ao ver que sua obra intelectual foi expropriada e apropriada por outra pessoa - muitas vezes por alguém próximo e que passará a ocupar a função almejada.


Segundo Metcalf (2004), a perda provocada pelo plágio se dá primordialmente nas esferas do conhecimento, mas pode levar a perdas financeiras quando se tratar de posição profissional a ser obtida por mérito. No caso dos gestores de emergência o problema é ainda muito maior, pois a qualificação do profissional, neste âmbito, tem potencial catastrófico como se pode ver nas tragédias de Chernobil, Boate Kiss, Fukushima e barragens de mineração.


Assim, diz Metcalf, "assim, além de um aborrecimento, o plágio leva progressivamente, a aspectos que incluem o descontentamento e a animosidade entre membros de uma mesma organização social, provocando rupturas entre seus colaboradores, diretores e governança".

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O FÓRUM JGE está disponível a opiniões.


Participe! Seu depoimento, seu ponto de vista e sua experiência pessoal, profissional ou testemunhal pode auxiliar na sensibilização de pessoas que lançam mão do plágio. Muitas vezes os plagiadores nem percebem a extensão do mal que estão causando. Alguns copiam da Internet, enquanto outros pagam para alguém copiar. Ao reverter essa prática, em qualquer dimensão, estaremos todos a contribuir com os autores e prestigiando a ética, em detrimento da falsidade na qual se apoia o plágio. A Gestão de Emergências e sua abrangência, agradece.






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