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CATÁSTROFE SOCIOAMBIENTAL *

  • Foto do escritor: Jornal da Gestão de Emergências
    Jornal da Gestão de Emergências
  • 2 de fev. de 2024
  • 3 min de leitura

Para entender a magnitude dos danos ambientais e sociais é necessário ampliar a visão para além daquelas imagens de desolação mostradas após as catástrofes provocadas pelo homem. É preciso examinar os aspectos subjacentes aos desastres e perceber como as decisões de empregar tecnologia de ponta na exploração dos recursos naturais implica em preparar os gestores do setor privado como também os servidores públicos e toda a população para manter equivalência tecnológica nas ações de preparação para responder a eventos indesejáveis, aqueles que irritantemente ocorrem e, cuja culpa é atribuida à fatalidade. Não é.


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Adotar tecnologias de produção importadas e não importar na mesma medida as tecnologias de proteção e de resposta a eventos não-planejados é uma contradição muito comum nas decisões bilaterais da iniciativa privada e lideranças governamentais – que deixam de lado as populações.



O meio ambiente e as comunidades são proporcionalmente objeto dessas iniciativas e decisões, pois implica em usar tanto os recursos naturais, como a mão de obra das localidades. As justificativas dos empreendedores e políticos de plantão ao serem propaladas exibem apenas os benefícios da arrecadação e emprego advirem, mas não expõem de forma clara os riscos que precisam ser mitigados, não por meio de laudos e papeis assinados, mas com a efetiva participação de todos, em todos os papéis representados nas cenas que se sucederão.


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Sem educação pública a altura dos desafios trazidos por empreendimentos de grandes proporções não é possível que as pessoas consigam perceber a magnitude dos riscos implícitos. Essa afirmação é verdadeira tanto para os cidadãos comuns que vivem nas pacatas vilas tradicionais com vocação idílica, como para os professores catedráticos das faculdades de administração e de direito, responsáveis por formar e qualificar os gestores públicos e privados juízes e advogados.



Os custos de importação das tecnologias de ponta aplicadas aos processos produtivos não podem de forma alguma ficar sem incluir os gastos com as tecnologias de monitorização e preparação para responder a emergências, com as magnitudes que se vê e que ainda serão vistas por muito tempo, e fora aquelas que não podem ser enxergadas sem os aparelhos detectores de contaminações e dos efeitos colaterais biológicos com males agudos e degenerativos crônicos.


É no mínimo interessante constatar que por desconhecimento crasso sobre os processos implícitos à produção industrial com alta tecnologia agregada, os gestores públicos buscam uma saída salomônica ao dividir ou repassar na íntegra às organizações empreendedoras a responsabilidade por cuidar da segurança, pressupondo que esteja, portanto, incluída nesta atribuição os meios para lidar com eventuais emergências, e assumindo que os gestores privados conheçam sobre o tema das falhas em sua profundidade, tanto quanto conhecem em profundidade os acertos operacionais. Mas não conhecem. Desconhecem por que a atividade da gestão de produção nada tem a ver com a atividade da gestão de emergências, principalmente quando se trata de lidar com eventos de magnitudes cataclísmicas como as que se tem visto. A população, por seu turno, acredita que aqueles gestores públicos e privados saibam exatamente o que estão fazendo. Mas não sabem. Assim, as comunidades ficam vulneráveis a um processo de cinismo crônico, como também ficam a descoberto os membros da alta diretoria das organizações, seus assessores diretos e familiares de todos, como decorrência dessa equação incompleta.


É essencial que se possa conhecer os métodos e tecnologias para gerir emergências e qualificar pessoal para assumir as responsabilidades associadas ao empreendedor brasileiro que assume riscos jurídicos graves ao empregar alta tecnologia, sem contar com medidas compatíveis com os níveis de resiliência a desastres, contribuindo assim para se chegar ao nível de catastrofe com amplitudes para chegar a ser categorizada como tragédia sociambiental.


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