A BUSCA PELO ATO HEROICO *
- Jornal da Gestão de Emergências
- 2 de fev. de 2024
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É importante reiterar que o herói não precisa ser intrépido.
Os mitos têm sido inspiração das atividades cotidianas e pode ser poderoso ao demonstrar que os personagens míticos agem como arquétipos da possibilidade humana uma vez que, como todos nós, os deuses mitológicos são confrontados com problemas existenciais.
Então, o corajoso, o abnegado, pode na realidade estar a esconder o medo.

É lícito afirmar que a maioria das pessoas não está familiarizada com a literatura do espírito, mas vez por outra e com relativa facilidade, sem hesitar, coloca seus desígnios nas mãos das divindades. Então, ao ficarem diante das ameaças naturais, podemos afirmar que terceirizam suas defesas com toda a fé a deuses que desconhecem. O cotidiano é eivado de interesses superficiais, pois estamos a testemunhar pessoas focadas nas atividades do momento. Pouco ou nada do tempo gasto tem a ver com as diacrônicas vulnerabilidades circundantes.
Na Antiguidade os momentos de introspecção privilegiavam a atenção que a pessoa deveria dedicar à vida, com consciência e direito a exercer a razão para buscar valores imutáveis que dão sentido verdadeiro à existência. Assim, não se pode dizer que, à exemplo dos gregos clássicos, as pessoas estão hoje da mesma forma a negociar com os deuses a apaziguação das intemperanças do planeta feroz. Não estão. Hoje, ao delegarem aos céus os desígnios do “domus”, ignorando a essência do princípio da precaução grega não estão dando sentido algum, nem à vida e nem a morte, e, talvez, seja essa a “razão” da frenética e ignóbil “busca do ato heroico” por meio das redes sociais.
No futuro, para os historiadores essa foi a era clássica da insensatez.
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